Ozempic passa a ser vendido somente com retenção de receita

Uso inadequado de medicamentos pode desencadear problemas de saúde e levar também a um aumento na demanda, resultando em escassez para quem realmente precisa, como os pacientes com diabetes tipo 2.

Por Silvana Reis, g1

Ozempic e similares: médicos alertam para uso abusivo no Brasil — Foto: Adobe Stock

A venda de medicamentos agonistas GLP-1, como Ozempic, Wegovy, Saxenda, Mounjaro e similares, usados para o emagrecimento, passa a ter um controle mais rigoroso a partir desta segunda-feira (23). A decisão da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) de que deve ser obrigatória a retenção de receita médica para venda desses medicamentos , divulgada no dia 16 de abril, entra em vigor nesta segunda – 60 dias após a publicação no Diário Oficial da União (DOU).

Esta categoria – classificada com a tarja vermelha – só deveria ser comercializada, até então, com a apresentação da receita. Na prática, é comum que ela não seja exigida e, por isso, clientes sem o documento conseguiam comprar os medicamentos.

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Especialistas ouvidos pelo g1 destacam um aumento preocupante no uso desses remédios fora das indicações clínicas recomendadas, o que pode ser considerado um uso abusivo e sem acompanhamento médico.

Além disso, o uso inadequado pode levar a um aumento na demanda por esses medicamentos, resultando em escassez para aqueles que realmente precisam, como os pacientes com diabetes tipo 2.

A votação da Anvisa para decisão sobre a obrigatoriedade da retenção da receita ocorreu após uma análise de farmacovigilância, que se baseou em dados de notificação no VigiMed.

A decisão foi tomada pela Anvisa depois da divulgação de uma carta pelo Conselho Federal de Medicina. Nela, os médicos defendiam a necessidade de um maior controle na venda desse tipo de medicamento.

Médicos alertam sobre o uso indiscriminado das canetas emagrecedoras

O uso indiscriminado (de Ozempic e seus similares), principalmente por pessoas que buscam perder peso rapidamente sem a orientação adequada de um profissional de saúde, levanta questões éticas e de segurança.

Por outro lado, médicos reconhecem que esses medicamentos, quando utilizados corretamente, podem trazer benefícios significativos para o controle do peso e da glicemia, melhorando a saúde metabólica dos pacientes.

O uso abusivo dos medicamentos para obesidade pode levar a desnutrição grave, perda de massa muscular, queda de cabelo intensa e problemas relacionados a falta de vitaminas, destaca a médica endocrinologista e diretora do departamento de Endocrinologia do Esporte e Exercício da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), Cristina Schreiber.

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