Violência nas escolas: Por que estamos emocionalmente doentes?

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Foto: Pexels/Daniel Reche

Antes de passarmos pelo doloroso período de isolamento social imposto pela pandemia, a saúde emocional era um tema secundário, relegado aos terapeutas e alguns profissionais da área comportamental. Durante o lockdown e, principalmente, nesse período pós-pandemia, temos pagado o preço por termos negligenciado a gestão das emoções.

Temos vivido um período de fortes evidências de um processo coletivo de desajuste das nossas emoções. Cada dia mais comuns os casos de esgotamento mental causado pelo trabalho, as relações sociais e conjugais, mais violentas e instáveis, e uma quase normalização da depressão, estresse e das crises de ansiedade.

Chegamos ao ponto do declínio da saúde emocional dos adultos impactar as crianças e adolescentes. O bullying é apenas um aspecto do problema. O racismo, o abuso psicológico, a exposição de fotos e vídeos íntimos gravados pelos adolescentes, suicídio e abuso sexual.

Como viemos parar aqui? O que fazer daqui para frente?

O Ministério da Educação, percebendo a iminência do problema e sua gravidade, decidiu que todas as escolas deveriam tratar ao longo do seu currículo as competências socioemocionais. Essas competências devem levar o aluno a desenvolver sua capacidade de compreensão das emoções, a melhora das relações interpessoais e o refinamento da sua inteligência emocional.

Sobre inteligência emocional, o especialista em comportamento humano e mentor de negócios, José Roberto Marques, afirma que “as emoções também devem ser observadas no campo da inteligência, de modo que inteligência cognitiva sem inteligência emocional, gera pessoas despreparadas para a sociedade, mesmo que com alguma competência técnica bem desenvolvida”.

Por isso, as escolas são convocadas a ver em seus alunos futuros cidadãos e não apenas futuros profissionais, preparando-os para a vida em sociedade. A vida agitada e sem qualidade dos adultos têm interferido também na vida das crianças e adolescentes. A violência que adentra as escolas é a mesma violência que assola a sociedade como um todo.

A falta de significado na vida, na carreira, nas relações amorosas, gera um acúmulo de frustrações, raiva, ansiedade que é difícil para qualquer adulto gerir, imagine uma criança ou adolescente. “Eles sentem toda a pressão da vida adulta por meio de seus pais, irmãos, tios e avós, e absorvem esses sentimentos que acabam causando impacto na sua vida”, argumenta José Roberto Marques.

Nos últimos anos, livros, palestras e formações sobre inteligência emocional têm se popularizado. A procura por esses eventos, em que as pessoas aprendem mais sobre suas emoções, sentimentos e como lidar com eles no dia a dia em busca de qualidade de vida, têm aumentado e os especialistas, se tornado cada vez mais frequentes nas redes sociais.

José Roberto Marques, que escreveu o livro “Inteligência Emocional: novas formas de compreender e gerenciar as emoções” (Editora IBC, 69,90), tem observado um aumento do público que busca cursos e palestras de autoconhecimento para diminuir o impacto da rotina cada vez mais pesada.

“Quanto maior for a inteligência emocional, maiores serão as habilidades sociais. Isso faz com que você seja capaz de se adaptar a praticamente qualquer situação social e consiga se comunicar com pessoas de todos os tipos. Quando você compreende suas emoções, sendo então capaz de entender que outras pessoas têm também suas próprias emoções, você consegue se relacionar, conversar ou até mesmo discutir com alguém sem se sentir ofendido quando essa pessoa não concorda com você”.

Quanto às escolas, é preciso tornas as habilidades socioemocionais um conteúdo cada vez mais presente, como forma de ajudar a toda a comunidade escolar, como professores, coordenadores, secretários, alunos e também famílias de alunos, a pacificarem os espaços de aprendizagem. Ninguém acredita que a Escola será blindada da violência, mas o trabalho com as emoções pode fazer com que a violência não se dissemine pelas práticas escolares e tenha nos estudantes cidadãos capazes de compreender e evitar o aumento dessa mesma violência.

José Roberto Marques

Especialista em comportamento humano, presidente e fundador do Instituto Brasileiro de Coaching – IBC, escola de Coaching, Master Coach Senior, Trainer e escritor.

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