Todo cuidado é pouco: Remédios vendidos na internet como naturais contêm substâncias de uso controlado, diz estudo

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Assim como qualquer medicamento, os fitoterápicos verdadeiros estão sujeitos às regras e à fiscalização da Anvisa. O comércio de remédios por redes sociais ou em shoppings virtuais é proibido.

Por Jornal Nacional

Sibutramina foi uma das substâncias de uso controlado encontradas misturadas a produto, vendido como fitoterápico — Foto: JN

Um estudo da Unicamp mostrou remédios vendidos na internet como naturais que contêm substâncias de uso controlado, que só poderiam ser vendidos com retenção de receitas.

Uma cápsula vendida pela internet promete ajudar a emagrecer. O rótulo diz que o medicamento é um fitoterápico – ou seja, 100% natural, feito exclusivamente à base de plantas medicinais. Mas, ao analisar a composição deste pó em laboratório, pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas, a Unicamp, encontraram substâncias de uso controlado misturadas ao produto.

“Foram detectadas três substâncias principalmente: sibutramina, que é um composto que causa diminuição de apetite, e dois antidepressivos: bupropiona e fluoxetina”, conta José Luiz da Costa, coordenador do Ciatox – Centro de Informação e Assistência Toxicológica da Unicamp.

Todos esses são compostos sintéticos, que nada têm de natural. A bupropiona costuma ser receitada para quem quer parar de fumar. A fluoxetina é indicada para quadros de depressão. Já a sibutramina até ajuda a perder peso, mas deve ser usada em doses corretas e como parte de um programa mais amplo, que inclui dieta e atividade física, e sempre com a supervisão de um médico.

“No caso desses medicamentos controlados que a gente identificou nesses produtos, alguns desses medicamentos eles, sabidamente, podem causar dependência. O que a gente está falando aqui não são fitoterápicos, são produtos que se passam por fitoterápicos. São produtos corrompidos, que foram modificados e vendidos como supostos fitoterápicos”, afirma José Luiz da Costa.

A presidente da Associação Brasileira de Fitoterapia diz que não existe nenhum fitoterápico que, sozinho, seja indicado para perda de peso e alerta: só profissionais de saúde podem prescrever um medicamento, ainda que seja natural.

“Não é porque é natural que não faz mal. Isso é importante destacar. As combinações – às vezes, o paciente está fazendo uso de algum medicamento -, o que que ele pode usar de fitoterápico, isso tudo tem que ser avaliado. O que tem que ficar claro é que o fitoterápico não é um problema. Fitoterápico tem validação científica, ele tem estudos de eficácia e segurança. A fitoterapia adequadamente tem resposta clínica e ela tem eficácia de uso”, afirma Maria Angélica Fiut.

Assim como qualquer medicamento, os fitoterápicos verdadeiros estão sujeitos às regras e à fiscalização da Anvisa. Os produtos podem ser industrializados ou fabricados sob encomenda, em farmácias de manipulação.

E um detalhe: só estabelecimentos autorizados e licenciados podem vender pela internet. O comércio de remédios por redes sociais ou shoppings virtuais é proibido.

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