Morre Emiliano Queiroz, o Dirceu Borboleta de ‘O Bem-Amado’, aos 88

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Ator veterano que esteve na tela da Globo desde a primeira novela teve ainda carreira relevante no teatro

Por Folha de S.Paulo

O ator Emiliano Queiroz como o personagem Dirceu Borboleta na novela ‘O Bem-Amado’ – Foto: Nelson Di Rago/Divulgação

O ator Emiliano Queiroz morreu, aos 88 anos, na manhã desta sexta-feira (04), no Rio de Janeiro. Participou do elenco de inúmeras novelas — inclusive a primeira exibida pela TV Globo, “Ilusões Perdidas”, de 1965. Com mais de 70 anos de carreira, atuava para o teatro desde os 15 anos.

Segundo um comunicado do produtor teatral Eduardo Barata, a causa da morte foi uma parada cardíaca. Queiroz estava internado há 10 dias na Clínica São Vicente da Gávea, na Zona Sul da capital fluminense, após colocar três stents no coração.

Na quinta-feira (03), o ator teve alta e foi para casa. Na madrugada da sexta, ele passou mal e precisou voltar ao hospital. “[Ele] começou a passar mal por vota das 6h da manhã. A ambulância chegou e o levou para a emergência do hospital, onde teve uma parada cardíaca. Foi entubado e reanimado, mas às 10 horas, faleceu”, detalha a nota de Barata.

Queiroz interpretou o personagem Dirceu Borboleta, um dos mais conhecidos de sua carreira, em “O Bem-Amado”, de Dias Gomes, 1973. Tímido, gago e desastrado, gesticulava em excesso de um jeito nervoso, Dirceu caçava e colecionava borboletas. Após o fim da novela, o ator reprisou seu papel mais famoso no seriado “O Bem-Amado”, entre 1980 e 1984, e no programa da comédia “Escolinha do Professor Raimundo”, nos anos 1990.

Em “Alma Gêmea” — que é a reprisada atual da Globo no “Vale a pena ver de novo” —, viveu Tio Nardo. Também atuou, entre várias outras produções, “Senhora do Destino” de 2004 e “Éramos Seis”, de 2020. O longa “Avenida Beira Mar” (2023), do qual participou, está em cartaz no Festival do Rio.

Ator Emiliano Queiroz – Foto: João Miguel Júnior/Globo

Nascido em Aracati, no Ceará, participou de mais de 60 filmes, mais de 60 peças e cerca de 70 novelas, séries, minisséries e especiais de televisão em seus 70 anos de carreira. Em entrevista à Memória Globo, Emiliano Queiroz contou que descobriu sua vocação aos 4 anos, após assistir com seu pai a peça “O Mártir do Gólgota”, de Henrique Perez Escrich.

Aos 14 anos, integrou o Teatro Experimental de Arte em Fortaleza. Aos 16 anos passou a trabalhar com rádio e continuou participar de produções teatrais. Na capital cearense, trabalhou por 2 anos na TV Ceará como ator, humorista, apresentador, produtor, cenógrafo e contrarregra.

Em 1964, foi convidado para participar da novela “Eu Amo Esse Homem”, de Ênia Petri, da TV Paulista. No mesmo ano, fez sua estreia no cinema em “O Lamparina” (1964), filme de Glauco Mirko Laurelli. Foi contratado pela TV Globo quando ela comprou a TV Paulista, e Emiliano Queiroz se mudou para o Rio de Janeiro e, em 1965, atuou em “Ilusões Perdidas”, também de Ênia Petri.

Nos anos 60 fez parte do elenco de outras produções da emissora, como “Eu Compro Esta Mulher” e “O Sheik de Agadir”, ambas escritas por Glória Magadan em 1966. Nesta última, Emiliano de Queiroz interpretou o vilão nazista Hans Stauben e contou à Memória Globo que foi xingado e agredido na rua depois que seu personagem cometeu assassinato.

Emiliano Queiroz e a atriz Adriana Esteves – Foto: Reprodução

Alguns de seus filmes foram “A Extorsão” (1975), “O Xangô de Baker Street” (2001), “Madame Satã” (2002), “Casa de Areia” (2005) e “Stelinha” (1990), filme de Miguel Faria Jr. pelo qual ganhou o Kikito de Ouro de Melhor Ator Coadjuvante no Festival de Gramado.

Atuou como Veludo em “A Navalha da Carne”, adaptação de 1969 que Braz Chediak fez da peça homônima, escrita por Plínio Marcos e censurada por retratar o submundo da época. No ano seguinte, protagonizou “Dois Perdidos numa Noite Suja”, como o Tonho, outra adaptação do dramaturgo por Chediak.

Na esfera do teatro, Queiroz também colecionava papéis. Atuou na primeira montagem de “O Pagador de Promessas”, texto de Alfredo Dias Gomes, que ocorreu no Teatro Brasileiro de Comédia (TBC) em 1960. Em 1978, viveu Geni na primeira montagem de “Ópera do Malandro”, de Chico Buarque e Ruy Guerra. Queiroz continuava ativo e iria estrelar o espetáculo “A Vida Não É Justa”, agendado para janeiro de 2025.

O ator deixou para trás sua esposa, Maria Letícia, advogada e atriz de 77 anos, com quem era casado há 51 anos. Também deixa os 14 filhos que o casal criou, 8 netos e 3 bisnetos. Informações sobre o velório e a cerimônia de cremação ainda não foram divulgados.

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