Lula não morde a isca da extrema-direita e se desvia de arapuca

Por Revérbero

Foto: Site Revérbero

A chacina no Rio de Janeiro representou também uma casca de banana para o presidente Lula. O timing da operação e as declarações subsequentes do governador Cláudio Castro indicam motivações político-eleitorais. Mas o presidente foi habilidoso e não derrapou como seus adversários esperavam.

Lula não mordeu a isca. Evitou entrar em confronto direto em relação à operação, deixando subentendido seu posicionamento. O bolsonarismo esperava uma divisão explícita, com dois polos em disputa.

Lula não entrou nesse jogo. O PT seguirá denunciando o massacre, como deve, mas o presidente preferiu a cautela — possivelmente municiado de dados e pesquisas qualitativas sobre o tema.

Dias atrás, Lula fez uma declaração infeliz ao afirmar que traficantes também são vítimas — frase que virou munição para adversários, apesar do recuo posterior. E tanto Castro quanto outros bolsonaristas não perderam a oportunidade.

A operação ocorreu logo após esse episódio, no momento em que Lula subia nas pesquisas e ganhava ainda mais projeção internacional. Era uma arapuca perfeita.

O presidente esperou o máximo possível para se pronunciar. Como não surgiram notícias sobre morte de inocentes e diante de boa parte da população celebrando a ação, optou por uma nota prudente. Também enviou o ministro da Justiça ao Rio e montou um comitê de crise, demonstrando iniciativa e responsabilidade.

Afinal, quem já é contra o massacre vota naturalmente em Lula. O desafio é conquistar o eleitor médio e não entrar na armadilha da segurança pública — uma das pautas que impulsionaram a extrema-direita à Presidência em 2018 e a governos estaduais e cargos legislativos.

Lula está no jogo. E, estrategicamente, vem tomando as decisões corretas diante da chacina, ainda que possam ser questionadas do ponto de vista dos direitos humanos.

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