Mulheres revelaram toques nos corpos e convites para passeios de lancha e jantares. Antônio Carlos Magalhães pode responder por importunação sexual e injúria
Por g1 BA e TV Bahia
O delegado investigado após denúncias de assédio contra investigadoras, em Salvador, foi indiciado pela Polícia Civil (PC). A informação foi confirmada na sexta-feira (8) pelo Sindicato dos Policiais Civis da Bahia (Sindpoc). Antônio Carlos Magalhães Santos, que já tinha sido exonerado do cargo, pode ainda responder por importunação sexual e injúria.
Ao todo, quatro servidoras denunciam o suspeito, que é conhecido como ACM. As mulheres trabalhavam na 28ª Delegacia Territorial (DT/Nordeste de Amaralina), na capital baiana, onde ele atuava como titular.
Elas foram transferidas para outra unidade em outubro, após período em licença médica. O grupo está sob acompanhamento de psicólogos do Departamento de Gestão de Pessoas, Saúde e Valorização Profissional (DPSV).
Não há detalhes ainda sobre o teor do inquérito remetido ao Ministério Público da Bahia (MP-BA). Após análise das investigações, o órgão define se remete ou não o caso à Justiça e denuncia e delegado. A reportagem tentou contato com a PC e o MP-BA, mas não teve retorno até a última atualização.
Denúncias investigadas
As denúncias contra o delegado Antônio Carlos Magalhães Santos foram reveladas em outubro deste ano, quando a Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP-BA) determinou que a PC apurasse os fatos.
Antes de comandar a delegacia do Nordeste de Amaralina, Antônio Carlos Magalhães atuou nas unidades de Periperi, Boca do Rio e Itapuã, bairros que também ficam na capital baiana.
Segundo o Sindpoc, as denúncias foram feitas inicialmente por colegas de trabalho das quatro mulheres, que têm entre 30 e 40 anos. Depois, as servidoras procuraram a instituição e relataram as situações.
“O assédio ocorria dentro da própria delegacia como o gestor chamando para passear de lancha, dizendo que era muito rico, que tinha muito dinheiro, convidando para jantar, para casa de praia”, contou a secretaria geral do Sindipoc, Luciene Rodrigues.
Luciene Rodrigues detalha que as investigadoras relataram que Antônio Carlos Magalhães tocava nos cabelos, barrigas e pernas delas. Com uma das vítimas, o delegado teria cometido também assédio moral.
“Ele gritava e chamava de burra na frente de todo mundo. Chamava de profissional burra e outras palavras de baixo calão”, afirmou a secretaria geral do sindicato.
Ainda conforme a representante do sindicato, o delegado se oferecia para acompanhar as investigadoras quando quisessem ir ao banheiro e dizia que não adiantava elas fazerem denúncias, porque ele não seria punido.
“Ele falava que era muito influente e isso não ia dar em nada”, pontuou Luciene Rodrigues, acrescentando que as investigadoras estavam lotadas na delegacia Nordeste de Amaralina há apenas quatro meses.
A entidade também lançou uma ação para conversar com profissionais de delegacias da capital e do interior do estado, para oportunizar que as mulheres denunciem casos de assédio no ambiente de trabalho, caso fossem vítimas.
O delegado foi exonerado do cargo no dia 24 de setembro. A medida foi publicada no Diário Oficial do Estado (DOE) quatro dias depois do surgimento das denúncias. Apesar disso, não há detalhes se a decisão foi adotada por causa das investigações.
Em nota, Antônio Carlos disse que as denúncias contra ele são “inverídicas e de cunho político” e parte de uma “ardilosa armação” para manchar sua imagem. O delegado ressaltou que trabalha há 25 anos na polícia enquanto as mulheres que o acusam estariam há apenas quatro meses na instituição. Veja a resposta completa abaixo:
“Eu trabalho na Polícia há 25 anos, e a Instituição sempre foi prioridade em minha vida, inclusive, por diversas vezes, acima da minha família. As acusações partiram de servidoras que estão há apenas 04 meses de carreira policial. Ao longo da minha caminhada sempre preservei pelo profissionalismo e boa conduta.
Toda delegacia por onde passei tive um grande desempenho que foi reconhecido pela Secretaria de Segurança Pública e principalmente pela comunidade local.
Não tenho dúvida que se trata de uma ardilosa armação para manchar a minha imagem perante a Polícia e a sociedade, mas confio na justiça que não serão falsas acusações de pessoas de pouco meses na Instituição que vão depreciar a minha reputação.
O trabalho que eu cobro dos policiais é o trabalho que eu faço, é atender bem a população, fazer operação na rua, garantir a segurança e paz, mas infelizmente nem todos querem fazer isto ou se comprometer 100% com a Polícia, e quando são obrigados a trabalhar no que não desejam agem de total má-fé, como estão fazendo comigo.
As acusações contra mim são inverídicas e de cunho político e serão devidamente rechaçadas no momento oportuno com minhas declarações que irão apontar o real motivo destas, além de que no curso do procedimento será provada a minha inocência.
O inimigo pode estar de pé agora, mas Deus é a minha verdade e o meu escudo!”