De acordo com o jornal O Globo, o valor total em disputa ultrapassa R$ 40 milhões, originados de emendas parlamentares, e refere-se a 35 processos judiciais ou administrativos que envolvem obras superfaturadas em oito estados.
Por Tribuna da Bahia
A Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) e o Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs), órgãos sob influência do Centrão, iniciaram uma ampla operação para cobrar a devolução de valores relacionados a obras com indícios de irregularidades. De acordo com o jornal O Globo, o valor total em disputa ultrapassa R$ 40 milhões, originados de emendas parlamentares, e refere-se a 35 processos judiciais ou administrativos que envolvem obras superfaturadas em oito estados.
Os problemas surgiram após o Tribunal de Contas da União (TCU) e a Controladoria-Geral da União (CGU) apontarem falhas significativas em vários contratos. Um dos casos mais notáveis está ligado a uma obra de asfaltamento na Bahia, financiada com R$ 10,4 milhões a partir de recursos destinados pelo deputado Elmar Nascimento (União-BA). O valor foi para a 6ª Superintendência da Codevasf, sob controle político do parlamentar. Segundo a CGU, a empresa contratada superfaturou a obra em R$ 733 mil e apresentou falhas que comprometeram a qualidade e a durabilidade do pavimento. A CGU destacou que a ausência de um projeto executivo adequado pode ter levado a custos elevados e a possíveis superfaturamentos.
Outro caso de destaque envolve R$ 1 milhão destinados à pavimentação de municípios baianos, por meio de uma emenda proposta pela ex-deputada Dayane Pimentel (União-BA). A auditoria da CGU revelou irregularidades no projeto, e Dayane Pimentel defendeu a necessidade de esclarecimento sobre a situação. “A gente queria a obra realizada. A comunidade chegou a me chamar de mentirosa porque a obra não chegava. Defendo que a Codevasf cobre, dê resposta, até para eu explicar o que aconteceu”, afirmou ao jornal.
Além disso, a Codevasf também está cobrando a devolução de valores relacionados a uma obra em uma fazenda ligada à Igreja Universal do Reino de Deus. Em maio do ano passado, “O Globo” revelou que a estatal usou dinheiro público para pavimentar ruas dentro de uma propriedade privada associada à igreja. A obra, concluída em abril de 2022, custou R$ 2,3 milhões e foi solicitada pelo deputado Márcio Marinho (Republicanos-BA), bispo da igreja. Marinho alegou que fez o pedido diretamente à presidência da Codevasf e negou envolvimento com as contratações. A igreja afirmou apoiar o projeto, mas negou responsabilidade pela fazenda.