Dê tempo ao tempo; a vida sempre revela a verdade.
Blog do Eloilton Cajuhy – BEC

Um jovem chegou em casa correndo, com a respiração agitada e o rosto cheio de preocupação. Pai! — gritou assim que entrou pela porta. O nosso cavalo escapou! Que coisa ruim! Era o único que tínhamos! Seu pai, um homem idoso de olhar sereno e voz tranquila, deixou o que estava fazendo, olhou para ele calmamente e respondeu: – E por que você chama isso de coisa ruim, filho? Esperemos… o tempo vai nos dizer se foi algo bom ou ruim.
O menino não entendia como seu pai podia ficar tão tranquilo diante do que ele considerava uma perda tão grande. Mas não disse mais nada. Alguns dias se passaram e, numa tarde, o jovem voltou para casa correndo, mas desta vez com uma expressão completamente diferente: alegria, surpresa, emoção.
– Pai! Você não vai acreditar! — exclamou com entusiasmo. O cavalo voltou! E trouxe com ele outro cavalo selvagem! Que sorte a nossa! O velho olhou para ele com a mesma paz de sempre e respondeu: – E por que você chama isso de sorte, filho? O tempo vai nos dizer…
O jovem franziu a sobrancelha. Não compreendia esse costume do pai de não julgar os fatos muito rápido. Mas novamente, decidiu não discutir. Alguns dias depois, um grito de dor quebrou o silêncio da casa. – Papai! — ouviu-se do pátio. O pai saiu correndo e encontrou seu filho no chão, retorcido de dor. Ele tinha tentado montar o cavalo selvagem que tinha chegado com o dele, mas o animal desbocou e jogou-o violentamente. Tinha partido uma perna.
– Que maldição, pai! — disse em lágrimas, com a perna completamente imóvel. E como já era costume, o homem respondeu com seu tom calmo: – E por que você chama de maldição? O tempo, filho… O tempo nos dirá.
Já se passaram algumas semanas. A perna do jovem ainda estava engessada quando, numa manhã, bateram à porta de sua casa. O pai foi abrir. — Bom dia, senhor — disseram homens vestidos de uniforme. Viemos recrutar todos os jovens da cidade para a guerra. A pátria precisa deles. O idoso os fez entrar e apontou para o filho, que estava sentado com a perna esticada, encostado em um banco.
Um dos soldados observou-o e disse: – Não nos pode servir. Ele está ferido. Levaremos os outros. E eles simplesmente foram embora.
Quando a porta se fechou, o filho olhou para o pai com espanto e perguntou: – O que eles queriam, pai? O homem olhou para ele com tristeza e explicou: Eles vieram para te levar para a guerra. Uma guerra da qual, segundo dizem, poucos voltarão vivos… E foi aí que o jovem entendeu tudo. Aquela fratura que ele tanto amaldiçoou, foi o que lhe salvou a vida.
Às vezes, o que parece ser um castigo, acaba sendo uma bênção. O que te dói hoje, amanhã pode ser o que te protege. Por isso, não chame sorte a tudo que parece bom, nem chame maldição a tudo que parece ruim. Apenas dê tempo ao tempo… e você descobrirá que tudo tem sua razão de ser.
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