Violência doméstica, desacato e exercício ilegal da medicina: suspeito de matar delegada é alvo de 26 queixas e quatro inquéritos

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Tancredo Neves se apresenta como médico, formado no Paraguai, mas não tem autorização para atuar no Brasil. Homem confessou o feminicídio de Patrícia Jackes e está preso preventivamente.

Por Diogo Costa, g1 BA e TV Bahia

Tancredo Neves é suspeito de matar delegada Patrícia Jackes — Foto: Reprodução/Redes Sociais

O homem suspeito de matar a delegada Patrícia Jackes já colecionava boletins de ocorrência e processos contra ele. Tancredo Neves, de 26 anos, é alvo de inquéritos por violência doméstica e exercício ilegal da Medicina.

A ficha criminal dele veio à tona após o assassinato da chefe de polícia, com quem o suspeito mantinha um relacionamento. O corpo dela foi encontrado na manhã de domingo (11), com sinais de estrangulamento.

Na segunda-feira (12), já detido, Neves confessou o feminicídio, admitindo que asfixiou Patrícia. Ele teve a prisão em flagrante convertida em preventiva.

De acordo com o delegado Arthur Gallas, do Departamento de Polícia Metropolitana, há pelo menos 26 registros policiais contra Tancredo Neves, tendo quatro deles evoluído para inquéritos policiais.

“Desde menor, ele já se envolvia em problemas, o que indicava que era uma pessoa perigosa e que não media esforços para agredir pessoas e tirar a vida, como foi o caso”, disse o investigador.

Carro da delegada bateu contra árvore, segundo suspeito, após ela puxar volante durante discussão — Foto: Divulgação/Polícia Civil

A TV Bahia obteve acesso a alguns desses processos. Veja abaixo

  • Inquérito por violência doméstica

Em janeiro de 2022, uma mulher que se relacionou com Tancredo Neves registrou uma queixa por lesão corporal dolosa contra ele na cidade de Serrinha. De acordo com o relato do crime, o suspeito deixou marcas no pescoço da vítima.

Durante o interrogatório, na segunda, o suspeito falou sobre o caso. Na versão dele, seu relacionamento com a vítima se resumiu a um encontro sexual. Ele acusou a mulher de agredi-lo e de interrogar sua noiva, que estava grávida na época. A então noiva repetiu essa mesma versão em depoimento à polícia.

  • Medida protetiva após ameaça

Em abril de 2023, a Vara Criminal de Queimadas aceitou o pedido de medida protetiva de urgência apresentado por uma ex-companheira de Tancredo Neves. No boletim de ocorrência, a vítima relatou que ele respondia suas mensagens com palavras de baixo calão e fazia ameaças, “dizendo que [sic] um carro que passasse por cima dela” e que daria um tiro na moça se fosse condenado.

  • Outras ocorrências do tipo

Também durante o interrogatório, Tancredo Neves foi questionado sobre a acusação de ter jogado uma mulher do quinto andar de um prédio, no Paraná. O suspeito negou o crime, cujo processo tramitou entre 2018 e 2019. Segundo ele, a mulher em questão era sua namorada e admitiu ter se jogado posteriormente.

Delegada Patrícia Jackes – Foto: Reprodução/Redes Sociais

Na coletiva de imprensa realizada na terça-feira (13), o diretor de Polícia Metropolitana, André Gallas, mencionou ainda uma denúncia registrada por uma médica de Feira de Santana. De acordo com o investigador, ela não prosseguiu com a queixa por medo.

Além dos casos de violência, Neves é alvo de um inquérito por exercício ilegal da Medicina e falsidade ideológica. Ele teria se formado no Paraguai, mas não possui certificado para trabalhar como médico no Brasil.

O suspeito foi denunciado por uma paciente do Hospital Português de Euclides da Cunha, no extremo sul da Bahia, em outubro de 2022. O homem estaria usando o carimbo com número de registro do pai, Arylton Feliciano de Arruda, que é médico regular.

O genitor também foi investigado e chegou a ser desligado da unidade de saúde por colocar o filho no estágio regular.

O g1 e a TV Bahia tentam contato com a defesa de Arylton Arruda, mas não obteve retorno até o momento. Por meio de nota, a assessoria do Hospital Português informou que o médico foi desligado imediatamente após a unidade tomar conhecimento do ocorrido.

Em meio às investigações sobre a morte da delegada Patrícia Jackes, a Polícia Civil suspeita que ela tenha sido assassinada em Sapeaçu, no recôncavo baiano. O corpo da chefe de polícia foi encontrado dentro do carro dela, na manhã de domingo (11), em São Sebastião do Passé, na Região Metropolitana de Salvador.

O diretor da Polícia Metropolitana (Depom), Arthur Gallas, disse que desconfiou de Neves desde o primeiro contato. O delegado plantonista atendeu a denúncia falsa de sequestro.

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