Terminei o Ensino Médio, e agora? Educadores indicam caminhos para jovens estudantes

FONTE: FSB Comunicação/Vagner Lima

A fase do início da vida adulta é marcada por dúvidas. Especialistas apontam como reconhecer talentos e planejar o futuro

Blog do Eloilton Cajuhy – BEC

Crédito: Freepik.

Concluir o Ensino Médio é atravessar uma porta para o desconhecido. É sentir orgulho da própria história, ao mesmo tempo em que surge um frio na barriga sobre o que vem pela frente. Junto com o diploma do ensino básico, chegam expectativas, dúvidas e uma pressão silenciosa por decisões que parecem enormes — mesmo que, no fundo, não precisem ser definitivas. Entre vestibulares, novas rotinas, primeiras responsabilidades e a sensação crescente de independência, é comum que muitos jovens não saibam exatamente qual caminho seguir. E tudo bem! Afinal de contas, não é tarefa fácil definir o futuro quando se tem 17 ou 18 anos.

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Segundo educadores, essa transição é menos sobre ter respostas prontas e mais sobre permitir-se descobrir. É um período de escuta, investigação e coragem para dar os primeiros passos na vida adulta, entendendo que incertezas fazem parte do processo. Em vez de enxergar esse momento como um ponto final, a orientação é encará-lo como uma oportunidade de autoconhecimento, planejamento e diálogo. A vida após a escola é construída aos poucos, e não precisa começar com todas as páginas preenchidas.

Quando o Ensino Médio chega ao fim, é natural o adolescente sentir que existe um grande holofote direcionado nele, como se o mundo esperasse uma escolha perfeita e imediata. Mas essa sensação, muitas vezes, nasce mais da própria ansiedade do jovem do que de uma necessidade real.

“A vida é feita de escolhas, e esta é apenas uma delas. Escolher qual faculdade fazer, por exemplo, não é a sentença final sobre quem aquele indivíduo é ou será”, explica o coordenador pedagógico da Escola Internacional de Alphaville, de Barueri/SP, Peter Rifaat.

Apenas um em cada quatro jovens recém-formados no Ensino Médio ingressam imediatamente na faculdade no ano seguinte, segundo dados do Censo da Educação Superior, realizado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP).

Para Rifaat, duvidar e se questionar não é sinal de insegurança, mas de crescimento pessoal. A dúvida abre espaço para refletir, investigar, comparar caminhos e entender o que combina com seus sonhos e com o seu ritmo. “Cada pessoa tem seu tempo. Alguns descobrem cedo, outros depois de experimentar. Todas essas trajetórias são válidas. Caminhar com dúvidas é caminhar com possibilidades abertas. O mais importante é lembrar que não é preciso carregar sozinho o peso dessas decisões. A escola, a família e a comunidade podem apoiar”, reforça, lembrando que não existe um único jeito certo de começar a vida adulta.

Depois de concluir o Ensino Médio, muitos jovens acreditam que existe apenas um caminho “correto”, mas a verdade é que as possibilidades são variadas, e isso é libertador. A faculdade, por exemplo, oferece uma formação mais longa e aprofundada, ideal para quem deseja se especializar em uma área e construir uma carreira acadêmica ou profissional mais estruturada. Já os cursos técnicos são opções rápidas e práticas, voltadas para profissões com alta demanda e que permitem entrar no mercado de trabalho em menos tempo.

Para quem sonha em conhecer outras culturas, desenvolver autonomia e aprimorar um novo idioma, o intercâmbio é um caminho transformador, que amplia horizontes pessoais e profissionais. E o empreendedorismo surge como alternativa para jovens que gostam de criar projetos, resolver problemas e colocar ideias em prática desde cedo, seja com pequenos negócios, iniciativas sociais ou trabalhos independentes.

“O cenário profissional mudou, e hoje há muitos jeitos legítimos de começar a vida adulta”, afirma a conselheira de carreiras do Brazilian International School – BIS, de São Paulo/SP, Ana Cláudia Gomes. Ela reforça que entender cada rota, conversar com quem já passou por essas experiências e observar o próprio momento de vida são passos essenciais para fazer escolhas mais conscientes.

“Não existe opção certa para todo mundo; existe a opção certa para você, aqui e agora”.

Depois de conhecer as diferentes possibilidades — faculdade, curso técnico, intercâmbio ou empreendedorismo — é hora de voltar o olhar para si mesmo.

“Quando o jovem se reconhece, ele consegue enxergar possibilidades que fazem sentido e não apenas seguir o que parece ‘obrigatório’”, afirma Ana Júlia Gonzalez, orientadora educacional do Ensino Médio do colégio Progresso Bilíngue Taquaral, de Campinas/SP.

Para ela, pesquisas, vivências curtas e conversas com pessoas da área são tão importantes quanto refletir sobre si mesmo. “O plano de vida não nasce pronto. Ele vai sendo desenhado conforme você entende quem é, e isso já é um enorme passo.”

Para entender melhor esses caminhos, vale participar de vivências que ajudam a enxergar forças e preferências pessoais com mais clareza. Profissionais e plataformas especializadas em autoconhecimento e orientação profissional podem favorecer a identificação de áreas de afinidade e sugerir possibilidades que talvez você ainda não tenha considerado. Outro passo valioso é visitar universidades, faculdades, centros técnicos e até empresas. Participar de feiras, dias de portas abertas em instituições e universidades e palestras são oportunidades que permitem ver de perto como cada área funciona na prática.

Se existe algo verdadeiro sobre o mundo de hoje, é que as carreiras já não são linhas retas. Profissões se reinventam, novas áreas surgem, interesses mudam, e tudo isso faz parte do caminho. Muitas das profissões do futuro sequer foram criadas ainda. Segundo relatório do Fórum Econômico Mundial, 170 milhões de novas funções serão criadas e 92 milhões destituídas, resultando em um aumento líquido de 78 milhões de empregos até 2023. Mudar de ideia, experimentar, tentar de novo: nada disso é sinal de fracasso. Pelo contrário, é sinal de crescimento.

“Escolher agora não te aprisiona, te impulsiona”, opina Samuel Ferreira Gama Junior, orientador educacional e de carreiras da Escola Bilíngue Aubrick, de São Paulo/SP.

“O que o futuro exige não é certeza absoluta, mas flexibilidade, curiosidade e disposição para aprender continuamente. Por isso, respire. Você não precisa ter todas as respostas aos 17 ou 18 anos”, acrescenta Gama Junior.

O educador da Aubrick afirma ainda que o fim do Ensino Médio marca o encerramento de um ciclo, mas não define quem você será. “Sua história está apenas começando, e ela tem espaço para ajustes, reviravoltas, novas escolhas e versões cada vez mais completas de você mesmo. É justamente essa liberdade de se transformar que torna o futuro tão cheio de possibilidades”, finaliza.

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