Stevia, xilitol ou sucralose: qual é o melhor adoçante?

Conheça os adoçantes mais comuns, do que são feitos e que gosto têm, e lembre-se que o consumo deve ser sempre moderado.

Time Alice

Os adoçantes surgiram como alternativa para quem tem restrição ao açúcar, como pessoas com diabetes, mas, como dá para ver no dia a dia, tornaram-se bastante populares para deixar o cafezinho ou o suco doce e, ao mesmo tempo, economizar calorias {quem nunca}.

E seu consumo, ao que os dados indicam, só cresce. Segundo pesquisa publicada na revista científica Journal of the Academy of Nutrition and Dietetics com quase 17 mil pessoas dos EUA, 25% das crianças e 41,4% dos adultos relataram usar adoçantes de baixa caloria. A maioria diz consumi-los diariamente.

Nos rótulos, o nome científico dos adoçantes é edulcorante, um aditivo alimentar de sabor extremamente doce. Há uma variedade de opções, que podem ser divididas em artificiais e naturais (extraídas de vegetais).

Embora os adoçantes disponíveis no mercado sejam considerados seguros pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), o consumo deve ser moderado e adequado ao perfil de cada pessoa — ou seja, nada de exageros ou de inclui-los na rotina sem reflexão.

Adoçante de stevia e sucralose: como são produzidos?

Veja do que são feitos os principais tipos de adoçante e qual o sabor deles.

Sacarina: adoçante artificial derivado do petróleo. Foi o primeiro adoçante a ser descoberto e é 300 vezes mais doce que o açúcar. Tem sabor residual metálico.

Ciclamato de sódio: adoçante artificial derivado do petróleo. Adoça 30 vezes mais que o açúcar. Tem sabor residual doce-azedo.

Aspartame: adoçante artificial desenvolvido a partir da junção de dois aminoácidos. Tem o mesmo valor calórico que o açúcar (4 kcal/g), mas é 200 vezes mais potente para adoçar. Não deve ser consumido por pessoas com fenilcetonúria. Tem sabor similar ao açúcar.

Sucralose: adoçante artificial extraído da cana de açúcar. Adoça 600 vezes mais que o açúcar, cujo sabor é similar.

Stevia: adoçante natural extraído da planta Stevia rebaudiana. Tem poder de adoçar 300 vezes maior que o açúcar. O sabor é amargo, característico da planta.

Xilitol: poliol vindo de frutas e legumes (especialmente milho). Tem sabor similar ao do açúcar e menos calorias.

Eritritol: poliol vindo de frutas e legumes. Não tem calorias e tem capacidade de adoçar equivalente a 70% do potencial do açúcar. Não tem sabor residual expressivo.

Taumatina: adoçante natural vindo de uma fruta chamada katernfe. Adoça 3.000 vezes mais que o açúcar. Não tem sabor residual expressivo.

Qual é o melhor adoçante?

Indicar qual adoçante é o melhor não é tarefa fácil, já que a escolha depende da rotina, do contexto alimentar e do gosto de cada pessoa.

“A sucralose e os adoçantes naturais são os mais recomendados por serem seguros para todos os públicos. Entretanto, assim como o açúcar, seu consumo deve ser feito de forma consciente”, afirma a nutricionista Camila Castello, do Time de Saúde da Alice.

Adoçante faz mal?

Para quem tem preferência por adoçantes à base de xilitol e eritritol, a dica principal é nunca exagerar.

“Quando consumidos em elevada quantidade e frequência, os polióis [xilitol e eritritrol] podem desencadear sintomas gastrointestinais como flatulência, inchaço, desconforto abdominal, além de efeitos laxativos, principalmente em pessoas com síndrome do intestino irritável”, destaca a nutricionista.

A profissional lembra que embora haja discussões acerca de possíveis malefícios dos adoçantes, não há estudos conclusivos.

“No caso do aspartame, por exemplo, a quantidade diária máxima que cada um pode consumir é bem alta (40 mg/kg). E é bem improvável que a pessoa consiga utilizar tudo isso”, observa.

Também não há pesquisas que comprovem associação entre o consumo de ciclamato de sódio e o desenvolvimento de doenças como o câncer. O mesmo vale para suspeitas de que a sucralose possa contribuir para o desequilíbrio da flora intestinal (disbiose).

A Sociedade Brasileira de Alimentação e Nutrição destaca que vários fatores afetam o funcionamento da região intestinal.

“A extrapolação dos efeitos desses produtos [edulcorantes] na microbiota intestinal para todo e qualquer adoçante não é apropriada, visto que possuem estrutura química e metabolismo diferentes”, destaca revisão científica da entidade sobre o tema.

Para não prejudicar o metabolismo, a recomendação número 1 para quem usa adoçante é sempre ter moderação.

Diabéticos podem usar qualquer adoçante?

Quem tem diabetes deve buscar orientação antes de incluir adoçantes na alimentação. Entre os produtos disponíveis, somente os nomeados como dietéticos são formulados para dietas com restrição de sacarose, frutose ou glicose.

Além disso, é recomendado dar preferência aos adoçantes que não têm calorias. Os polióis, por exemplo, têm carboidratos que requerem maior cuidado.

De acordo com a Sociedade Brasileira de Diabetes, no caso de pessoas com diabetes tipo 1, o uso de polióis pode demandar cobertura com insulina, dependendo da quantidade utilizada. Para isso, seria necessário monitorar a glicemia para identificar a necessidade de ajustes de acordo com a resposta individual.

Logo, contar com apoio nutricional para esclarecer dúvidas e ajustar a alimentação é fundamental para a saúde da pessoa diagnosticada com diabetes.

A partir de um plano individualizado, será possível incluir opções com gosto doce na dieta, sem necessariamente recorrer a adoçantes.

Grávida pode usar adoçante?

Durante a gestação, os adoçantes não são recomendados, segundo a nutricionista Camila Castello.

“A não ser em casos de diabetes gestacional. Se houver necessidade de utilização, prefira a indicação de substâncias como sucralose, stevia, taumatina e xilitol”, explica ela, acrescentando que o ideal é a grávida também buscar acompanhamento nutricional.

Ela lembra que os adoçantes disponíveis no mercado e vários produtos industrializados zero açúcar ou diet utilizam mistura de adoçantes, por isso a leitura dos rótulos é muito importante.

Gostinho doce x sabor natural

Quem está acostumado com o gosto doce, mas não quer usar açúcar e pretende deixar de usar adoçantes, pode buscar fazer uma transição gradual na dieta.

“O nosso paladar é extremamente adaptável e vai se acostumando com sabores muito doces, seja vindo do açúcar de adição ou do uso de adoçante. Então, a melhor dica é reduzir aos poucos o uso desses produtos e ir se acostumando com o sabor naturalmente doce dos alimentos, como por exemplo, o docinho natural das frutas”, afirma a nutricionista, acrescentando que os adoçantes são considerados produtos ultraprocessados, cujo consumo deve ser evitado ou reduzido.

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