O combate a fome foi tema de uma sessão temática no plenário do Senado.
Da Rádio Senado, Cesar Mendes
Um relatório das Nações Unidas divulgado em julho deste ano aponta que 21 milhões de pessoas no Brasil não têm o que comer todos os dias e 70 milhões vivem em insegurança alimentar. O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, destacou que políticas públicas adotadas desde os anos 90 permitiram que o Brasil saísse do mapa da fome das Nações Unidas em 2014, mas no primeiro ano da pandemia, 2020, o país retrocedeu 16 anos. Encontrar uma solução para esse problema, na opinião do presidente do Senado, é a missão número um da política.
“A fome tem rosto e tem nome. Em 2022, o Segundo Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia de Covid-19 no Brasil apontou que mais de 33 milhões de pessoas não tinham assegurado o que comer. Quase 60%, ou seja, a maioria da população brasileira convive com a insegurança alimentar em algum grau, de leve a grave. Isso é absolutamente inaceitável”.
O ministro do Desenvolvimento Social, Wellington Dias, lembrou que 20 anos atrás, neste mesmo dia, o presidente Lula lançou o Bolsa Família e o Sistema Nacional de Segurança Alimentar. E respondeu a uma pergunta: É possível tirar o Brasil do Mapa da Fome?
”A resposta é sim porque o Brasil fez essa opção e ali nos anos de 2011, 2012, 2013 e seguiu para frente até por volta de 2018, o Brasil alcançou um patamar muito próximo da erradicação da fome”.
De acordo com Renata Miranda, representante do Ministério da Agricultura, é preciso aumentar a produtividade de alimentos, mas não existe solução simplista para o problema da fome porque ele exige ações dos setores público e privado. Já o ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, disse que embora o Brasil esteja bem na produção de grãos, diminuiu a produção de alimentos que estão na cultura alimentar do povo brasileiro, como o feijão, o arroz e a mandioca.
”Então, qual é o nosso desafio? O nosso desafio é aumentar a produção de alimentos para combater a inflação de alimentos, ampliar a diversidade de alimentos para dar conta da cultura alimentar do povo e baratear essa produção de alimentos e favorecer o acesso a ela”.
A senadora Jussara Lima, do PSD do Piauí, lembrou o slogan criado pelo sociólogo Herbert de Souza, o Betinho, quando lançou a Ação da Cidadania contra a Fome, em 1993.
”Quem tem fome tem pressa. A fome é a pior das indignidades do ser humano”.
E Geyse Diniz, fundadora e presidente do movimento Pacto contra a Fome, apontou caminhos para reduzir o desperdício de alimentos.
”Quem mais come é a boca do lixo. Nós desperdiçamos oito vezes o que seria suficiente para alimentar essa população que tem fome”.
Geyse fez um apelo para que o debate sobre a tributação de alimentos na reforma tributária leve em conta mudanças na composição da cesta básica que contemplem a diversidade regional do país. Com o objetivo de possibilitar uma alimentação mais saudável e com qualidade nutricional.