PF prevê concluir no início de novembro inquérito sobre Bolsonaro e tentativa de golpe

FONTE: Por Reynaldo Turollo Jr, Andréia Sadi, Globonews

Share on whatsapp
Share on facebook
Share on twitter
Share on email
Share on telegram

Na avaliação de policiais, novos elementos encontrados na investigação reforçam o envolvimento do ex-presidente na elaboração da minuta golpista; PGR aguarda finalização do inquérito das milícias digitais para se pronunciar sobre caso das joias e do cartão de vacinação

Blog do Eloilton Cajuhy

O ex-presidente Jair Bolsonaro, em imagem de 25 de março de 2024 — Foto: Amanda Perobelli/Reuters

A Polícia Federal prevê concluir no início de novembro a investigação sobre a participação do ex-presidente Jair Bolsonaro e de aliados em uma tentativa de golpe de Estado que culminou com os ataques de 8 de janeiro de 2023.

O relatório final da PF deve apresentar novas mensagens encontradas em aparelhos eletrônicos pessoais de investigados.

Na avaliação de policiais, esse material confirma e reforça o envolvimento do ex-presidente na elaboração de uma minuta golpista discutida em reuniões realizadas no Palácio da Alvorada após a eleição de 2022, quando Bolsonaro saiu derrotado das urnas.

Depoimentos à PF revelaram reuniões entre autoridades para uma tentativa de golpe de Estado no Brasil.

O relatório da PF vai encerrar o inquérito das milícias digitais, que já gerou outros dois relatórios com indiciamentos: um sobre a falsificação de cartões de vacinação e outro sobre desvios de presentes dados por autoridades estrangeiras no governo Bolsonaro, como as joias da Arábia Saudita.

A terceira parte — a da tentativa de golpe de Estado —, demorou mais, segundo uma fonte a par da investigação, porque foi necessário cruzar os dados com os de outro inquérito que corre em paralelo na PF, o que apura arapongagem ilegal na Agência Brasileira de Inteligência (Abin).

As investigações sobre a Abin apontaram que agentes públicos usaram a agência para espionar adversários de Bolsonaro com o objetivo de criar e espalhar fake news. Essas notícias falsas são um ponto de intersecção entre os dois casos: Abin e milícias digitais.

A conclusão das investigações demorou mais que o esperado também porque a PF teve que aguardar a perícia extrair as mensagens dos celulares e computadores apreendidos nas operações de busca já realizadas. Alguns suspeitos não entregaram as senhas dos equipamentos, o que atrasou os trabalhos.

Colar pertencente ao kit de joias femininas dado ao governo Bolsonaro pela Arábia Saudita — Foto: Reprodução/Fantástico

As duas partes do inquérito das milícias digitais já finalizadas pela PF — joias e vacina — estão em análise na Procuradoria-Geral da República (PGR) desde julho deste ano.

No caso da falsificação dos cartões de vacinação, a PF havia apresentado um primeiro relatório em março, mas a PGR pediu informações complementares, que já foram entregues.

A partir do relatório com os indiciamentos, a PGR pode pedir à polícia novas diligências, arquivar o inquérito ou apresentar denúncia ao Supremo Tribunal Federal (STF).

O blog da Andréia Sadi apurou que a PGR ainda não se pronunciou sobre as investigações das joias e da falsificação dos cartões de vacinação porque aguarda a parte final do inquérito sobre a tentativa de golpe.

O procurador-geral, Paulo Gonet, tem dito a interlocutores que uma eventual denúncia contra o ex-presidente precisa ser robusta. Por isso, o órgão deve analisar em conjunto todas as provas reunidas pelo inquérito das milícias digitais antes de se manifestar.

É provável que haja uma única denúncia ao STF, ligando todas as pontas do inquérito: a falsificação dos cartões de vacinação contra Covid serviria para Bolsonaro e aliados entrarem nos EUA, enquanto a venda das joias serviria para levantar recursos para o então presidente esperar no exterior a concretização do golpe de Estado.

De acordo com a PF, tudo feito por um mesmo núcleo de pessoas investigadas, o que configuraria uma organização criminosa.

Veja também