Paulo Labumba ainda cresce

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*Por Marcos Cesário

Reprodução / Facebook

Quem, como eu, foi criado em alguma cidade do interior, descobre, logo cedo, que conhece até quem não conhece. Algumas pessoas se destacam mais e, mesmo não as conhecendo pessoalmente, conhecemos, intimamente, de tanto ouvir falar. E numa cidade do interior o “ouvir falar”, o “diz que…”, anda mais depressa que em todos os cantos do mundo.

Por isso, mesmo só tendo conversado, por alguns poucos minutos, com Paulo Labumba, desde sempre, lá da infância, já ouvia contar histórias ao seu respeito: que era um homem valente e um professor de karatê mais temido e respeitado da região. Os mais exagerados diziam que ele era um dos lutadores mais respeitados do país.

Uma história que ouvi, desde criança, e que nunca pude comprovar, nem me esforcei para isto, é de que uma vez, numa fazenda onde Paulo Labumba bebia cachaça com alguns amigos, ele, por qualquer um dos motivos de bêbado, tinha resolvido dar um murro na cabeça de um jegue e o jegue teria desmaiado na hora. Isto era uma das formas de dizerem que Paulo Labumba era um homem forte e perigoso. Ou seja: um herói, ou anti-herói, machão , viril e imbatível. Para nós, garotos, isto era motivo de admiração, medo e respeito.

Ao passar dos anos, vi Paulo Labumba, muitas vezes, nas ruas da cidade. E enquanto eu ia crescendo, via este personagem vindo da imaginação do menino, envelhecer. Mas o homem velho que eu via, nesses últimos anos, passar com sua moto pelas ruas da cidade, nunca substituiu o Labumba que eu trouxe da infância: o lutador imbatível e eternamente forte e jovem.

Todos, de alguma forma, carregam seus pequenos mitos que não só não diminuem de tamanho, mas crescem em nós enquanto crescemos, envelhecemos. É assim que recebo a notícia da morte de Paulo Labumba. Ele, sem saber, cresceu em minha imaginação e na imaginação de muitos garotos que hoje são, como eu, homens que envelhecem. E, é sempre assim, os homens de qualquer cidade do interior, nascem, crescem e envelhecem. Pequenos mitos, como Labumba, nascem, crescem, não envelhecem completamente e nunca morrem.

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