Opinião: A “Guerra” é uma festa; quem não percebeu, entendeu errado…

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Por Rodrigo Wanderley (Pezão)

Foto: Mauro Coelho

Senhor do Bonfim, Ba, cidade localizada no Sopé da Serra do Gado Bravo e da Maravilha, é uma cidade única em vários sentidos. Seja pelo seu povo conversador e animado, seja por abrigar uma das maiores festividades do Brasil: o São João.

Dentro desse contexto festivo, surge por volta da década de 30 do século XX, um ritual Antropológico, uma festa popular, que passou a ser chamada de “Guerra de Espadas”, que consiste basicamente na circulação de brincantes de casa em casa, portando seus artefatos pirotécnicos, as espadas, arreliando os oponentes, perguntando “São João passou por aqui?”, ou pedindo as donas da casa “ôh dona da casa cadê o licor?”

Mas que Guerra é essa onde ninguém mata e ninguém morre? Que guerra é essa em que os partícipes são irmãos, compadres, amigos, que se encontram um único dia no crepúsculo, quando o sol descansa, para se arreliar: “Solta essa Cobrinha”. Provocar: “Só tinha Essa!?”. Exatamente! Não é uma Guerra. Não consigo acreditar em Guerra de irmãos, em Guerra de Compadres.

A “Guerra” de Espadas é uma festa, surgida em celebração à fartura do mês dos santos juninos, celebração da fraternidade bonfinense. As famílias se visitam soltando seus artefatos luminosos em homenagem aos donos da casa. A Fogueira de Ramos, símbolo máximo do evento festivo, é enfeitada com ramos de brindes pelo fazer comunitário de ruas que esperam seus visitantes.

Se alguém ainda não percebeu que a “Guerra”, a noite das Espadas, não é uma Guerra, mas, sim, uma Festa, entendeu errado. Nas Guerras existem mortos, na nossa “Guerra” existe festa e alegria. Na Guerra existe selvageria e violência, na nossa “Guerra” existem trocas simbólicas, laços de fraternidade e compadrio. Ninguém gosta de Guerra. Mas o povo bonfinense é apaixonado pela nossa festa: “A Guerra de Espadas”. E se você não entendeu isso, você entendeu errado.

No dia 23 de junho, quando o cheiro e o gosto de São João estiver nas ruas, vá na casa de um festeiro e saboreie na mesa farta de comidas juninas, converse sobre as memórias de um povo queimado nas limalhas das espadas, e verá histórias afetivas e felizes. Caminhe com o Caroá pelas ruas repletas de espadas, e verás que a Guerra é uma Festa. E na Noite de São João o bonfinense é o povo mais feliz do mundo.

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