Obra de Gal Costa inspira jovens e mantém legado da artista como uma das principais intérpretes da música brasileira

Cantora baiana, que morreu em decorrência de um infarto em 2022, completaria 80 anos nesta sexta-feira (26)

Por Alan Oliveira, Malu Vieira, g1 BA

Gal Costa — Foto: Arquivo pessoal

O legado de Gal Costa não foi interrompido com sua morte, em novembro de 2022, e tampouco enfraquecido com os quase três anos que se passaram desde então. O som da baiana, que completaria 80 anos nesta sexta-feira (26), se mantém atual e ainda se reinventa através de outros artistas, sobretudo os jovens.

Esse é um movimento que a própria Gal Costa já fazia, sempre que lançava algo novo ou se apresentava. É o que descreve o pesquisador musical e jornalista Marcelo Argôlo, em entrevista ao g1. Para o especialista, a cantora estava constantemente atenta e muito conectada com as produções da atualidade e nunca soou como “uma artista do passado”.

“Ela já vinha, nos últimos 10 ou 15 anos de carreira, fazendo esse contato com novos cantores, com novos produtores. Ela estava nesse movimento de entender o que tem de mais novo e experimentar em cima disso. O que, de alguma forma, é uma marca da carreira dela”.

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Dona de um canto técnico, com dramatização, encenação e presença de palco, Gal é apontada como uma grande inspiração e também como uma espécie de tradição, que é passada de pais para filhos por mais de uma geração.

“Tem aquele clichê que a gente gosta de falar, que é um artista que atravessa gerações, e esse atravessar gerações tem muito a ver. Eu faço 35 anos em um mês e eu aprendi a ouvir Gal Costa com meus pais. Meus pais eram jovens nos anos 60 e 70 e viram Gal aparecer como artista. E eu cresci ouvindo”, contou Marcelo.

“Eu acho que essas ações mantém viva a obra de Gal Costa, nesse trabalho quase que caseiro, individual, da mãe que gosta de Gal Costa e coloca a filha para ouvir, e a filha também se apaixona, e, provavelmente, a terceira geração dessa família também vá ouvir Gal Costa”.

Artistas participam de seletiva para musical de Gal Costa — Foto: Divulgação

Em Salvador, terra de Gal Costa, são realizadas seletivas para um musical que contará a história da artista no teatro. Mais de 190 pessoas se inscreveram somente na capital baiana. Destas, 58 seguiram para as próximas etapas do processo.

A peça tem idealização e direção de Marilia Toledo, responsável por outros dois espetáculos que retrataram a vida de famosos: Ney Matogrosso e Silvio Santos. Ela teve ajuda de pesquisa do jornalista Thallys Braga, que produz uma biografia sobre a baiana.

“Eu venho desenvolvendo uma pesquisa de musicais biográficos e, antes de fazer da Gal, eu fiquei buscando me inspirar no que poderia ser novidade, o que ainda não foi feito, e quem seria uma grande voz brasileira para ser retratada. Obviamente, veio a Gal”, contou Marilia.

“Eu sempre fui louca por ela, acho que a Gal tem uma potência não só como uma das principais vozes que a gente teve na história da música brasileira, mas também como personalidade. A Gal ditou regras, modas, comportamento e tinha uma sensualidade gigantesca, e uma importância como a voz da Tropicália”, destacou.

Além de Gal Costa, os amigos dela, Caetano Veloso, Gilberto Gil e Maria Bethânia, também aparecem no musical. Inicialmente, a peça terá exibição no 033 Rooftop, em São Paulo (SP), em março do ano que vem. Outra seletiva também acontecerá na cidade.

“Nos meus trabalhos eu busco muito essência. Acho que a pessoa que vai interpretar Gal tem que ter a essência da Gal Costa. Não precisa ter uma voz idêntica ou um tipo físico idêntico, mas a gente precisa bater o olho e sentir a Gal”, pontuou a diretora.

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