O que é a “Doença do Pombo?” Especialista explica

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Infectologista Cirley Lobato explicou os principais sintomas da doença que matou uma mulher de 49 anos no Acre.

Por Aline Nascimento, g1 AC — Rio Branco

Reprodução

Tosse, dor no peito, dores de cabeça, tontura, vômito. Estes são alguns dos sintomas da criptococose, conhecida como “Doença do Pombo”, que causou a morte da atendente de loja Sandra Silveira Bezerra, de 49 anos, em novembro do ano passado, no Pronto-Socorro de Rio Branco. Sandra ficou internada na unidade de saúde por uma semana.

A vítima recebeu o diagnóstico um dia antes de morrer. Na certidão de óbito consta que Sandra faleceu de meningite fúngica, criptococose, edema cerebral e pneumonia. Ela trabalhou por mais de 12 anos em uma loja de variedades que fica na Rua Cel. Alexandrino, bairro Bosque, na capital acreana, localidade onde há a presença constante de pombos.

A equipe da Rede Amazônica Acre conversou com a médica infectolosta Cirley Lobato para saber mais sobre a doença causada por um fungo presente nas fezes dos pombos.

“É causada quando a pessoa inala os poros do fungo, chamados criptococos, e, nesse momento, vai para o pulmão. Inicialmente, o paciente pode apresentar um quatro de pneumonia, uma gripe, que se confunde com muita coisa. Como a doença do pombo não é tão frequente, o diagnóstico é mais difícil”, contou.

A especialista explicou também que o fungo pode entrar na circulação sanguínea do paciente e atingir o cérebro, causando um quadro de meningite com dor de cabeça intensa. Sandra começou a passar mal no final do mês de setembro com tontura. Em outubro, passou a sentir muita fraqueza, tosse e dificuldades para respirar.

“É uma dor de cabeça intensa que não passa com medicação para dor, como dipirona, paracetamol, vômitos e pode ter alteração de consciência. Infelizmente, pode evoluir para a morte e ter sequelas. Para eu fazer o diagnóstico de um agravo, tenho que pensar neste agravo. Como não é uma doença tão frequente, e muitas vezes atinge com quadros mais graves, pessoas que têm alguma imunossupressão, não pensam logo nisso”, ressaltou.

A infectologista destaca também que, em pessoas sem comorbidades, a primeira avaliação leva a crer em um quadro de Covid, gripe, tuberculose, pneumonia e até meningite.

“O paciente vai evoluindo, vem um quadro mais grave e aí que se pensa em um quadro do fungo. É importante no diagnóstico a epidemiologia descobrir o que o paciente faz, onde estava, se tem a presença de pombos no local. Sempre falo que o pombo não é o mal, ele traz o mal porque o fungo está nas fezes do pombo”, lamentou.

Cirley explicou quais cuidados são necessários para evitar o contato com o fungos. Ele orientou a população a não alimentar as aves para evitar a presença delas nos locais.

“Não exterminar os pombos, tem que ter cuidado quando estiver manuseando as fezes do pombo, tem que lavar bem com água, sabão, o cloro consegue eliminar bem os poros, usar máscaras e luvas quando estiver manuseando este material”, orientou.

Diante de qualquer sintoma, a pessoa precisa procurar uma unidade de saúde. “Geralmente, tratam como uma pneumonia. Se não melhorar, volte ao profissional de saúde para se fazer uma investigação melhor. Começa a apresentar dor intensa na região da nuca, vômito forte. Procure o atendimento médico porque existe tratamento”, disse.

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