Reportagem do jornalista Adriano Alves foi publicada neste sábado (31).
Por Blog do Eloilton Cajuhy
Em sua coluna “Obituário”, o jornal Folha de S.Paulo deste sábado (31), publicou uma matéria em homenagem ao sanfoneiro pernambucano radicado em Senhor do Bonfim, Sebastião Manoel da Silva, popularmente conhecido por Tião da Sanfona.
Assinada pelo jornalista Adriano Alves, a reportagem faz um relato completo da vida e carreira de Tião da Sanfona, desde o seu nascimento na cidade de Bonito-PE.
Leia abaixo a matéria completa:
Obituário – Sebastião Manoel da Silva (1940 – 2024)
Mortes: Teve a sanfona como grande paixão e acalento na vida
Sebastião Manoel teve o primeiro contato com uma sanfona ainda criança, aos 12 anos. E foi com uma especial, a de Luiz Gonzaga. O Rei do Baião, enquanto tomava um café, pediu-lhe para cuidar do seu instrumento. Brincando de tocar, o menino chamou a atenção do músico famoso, que sugeriu ao seu pai que comprasse uma para ele. O encontro foi o início de sua paixão pela sanfona.
Em todos os shows do ídolo próximos a Bonito (PE), onde nasceu em 9 de novembro de 1940, Sebastião se fazia presente e era convidado a subir no palco. Adolescente, foi morar em São Joaquim do Monte (PE). Trocou a pequena sanfona por uma maior e começou a fazer shows em casamentos e batizados.
Foi em uma de suas apresentações que conheceu Josefa Francisca, com quem se casou ainda jovem. Em Pernambuco, o músico e a professora tiveram um casal de filhos, José Aparecido e Maria Nazaré.
Após uma viagem para Senhor do Bonfim (BA), Sebastião se encantou pela cidade e resolveu se mudar com a família em busca de melhores condições. Na Bahia tiveram mais uma filha e construíram a vida. Após mais de 50 anos ali, Tião dizia que era “bonfinense de coração”.
Na cidade conhecida como a capital baiana do forró, tornou-se um dos nomes mais queridos das festas juninas. Foram incontáveis arraiás animados por seu trio pé de serra, o Raízes do Forró. O sanfoneiro tocava sempre com vestes tradicionais, customizadas pelas próprias mãos com pedrarias e enfeites.
“Ele era muito carismático com todo mundo, acho que Senhor do Bonfim toda o conhecia”, diz a filha Maria Erivânia da Silva, 47.
O instrumento, de tão presente no seu dia a dia, se tornou seu sobrenome, e ele virou Tião da Sanfona. Foi também seu acalento nos momentos de dor, quando ficou viúvo, há 30 anos, e quando perdeu o filho, mais recentemente.
Tião não sabia ler nem escrever, mas tinha expertise para compor. Criava melodias na sanfona e guardava as letras na memória, que sempre foi boa, mesmo com o passar dos anos. Algumas de suas canções foram eternizadas em um CD lançado há cinco anos. “Na capital baiana do forró, o forró melhor é o forró do trem”, canta em uma das músicas.
Também era muito bom de conversa, gostava de ir à rua para encontrar amigos e bater papo. Mas sua rotina era mesmo tocar e fazer versos. Como música preferida, igual a muitos sertanejos, tinha “Asa Branca”, eternizada pelo mestre Luiz Gonzaga.
Tião da Sanfona, que durante sete décadas fez o povo dançar forró, morreu no último 14 de julho, aos 83 anos, após duas convulsões em casa. Deixa as filhas Maria Nazaré, 55, e Maria Erivânia, além de seis netos e três bisnetos.
Abaixo link da reportagem da Folha: