Período fortalece vínculos, aproxima as famílias e transforma a celebração em um espaço de pertencimento.
Blog do Eloilton Cajuhy – BEC

Para muitos brasileiros, junho está invariavelmente associado às comidas típicas, danças, músicas e símbolos regionais das Festas Juninas, uma das manifestações culturais mais ricas do país. Na educação, essas festas representam muito mais do que uma ação do calendário escolar, são oportunidades de aprendizado interdisciplinar, valorização da cultura popular e fortalecimento do vínculo entre escola, alunos e comunidade.
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Na opinião da diretora pedagógica do Brazilian International School – BIS, de São Paulo, Audrey Taguti, abrir a escola à comunidade durante as festas juninas fortalece vínculos, aproxima as famílias e transforma a celebração em um espaço de pertencimento.
“A Festa Junina, quando pensada de forma inclusiva, pedagógica e sensível às realidades dos alunos, transforma-se em um instrumento valioso para a formação de cidadãos críticos, conscientes e orgulhosos de suas raízes”, afirma.
Possibilidades pedagógicas das festas juninas
Para Audrey, a festa pode ser o ponto de partida para projetos integradores que envolvem diversas áreas do conhecimento: em Matemática, é possível trabalhar medidas e cálculos com receitas típicas; em Língua Portuguesa, há espaço para leitura de cordéis e contos populares; em Geografia e História, os alunos podem investigar as origens da festa, a cultura nordestina e as influências das festas de colheita. Já nas aulas de Arte e Música, o universo caipira inspira produções criativas e explorações sonoras ricas em repertório tradicional.
“A data também favorece o desenvolvimento de competências socioemocionais, como cooperação, empatia e respeito às diferenças. Preparar coletivamente uma festa escolar, mesmo que simples, envolve planejamento, escuta ativa, criatividade e resolução de conflitos, habilidades fundamentais na formação integral dos estudantes”, acrescenta Audrey.
Até mesmo em contextos de escolas bilíngues ou que possuem currículos internacionais, as festas juninas seguem como um recurso pedagógico potente para ensinar sobre identidade cultural, diversidade, história e valores sociais.
“Ao promover essas celebrações, a escola reconhece a importância de integrar elementos do cotidiano e da tradição nacional ao ambiente de aprendizagem, oferecendo às crianças e adolescentes um senso de pertencimento e valorização das raízes brasileiras”, diz a diretora pedagógica do Colégio Progresso Bilíngue Cambuí, de Campinas, Lena Cypriano.
Inclusão e respeito às diferentes crenças
Por ser uma celebração com origem na Igreja Católica – as festas juninas celebram três santos católicos, Santo Antônio, São João e São Pedro – algumas famílias que processam fés e credos que possuem outras tradições podem preferir que seus filhos não participem das atividades ou não se sentir à vontade em participar das festividades.
Não são incomuns instituições de ensino que alteram o nome da festa para “festas brasileiras” ou “festas tradicionais”, como uma forma de incluir a todos. A diretora pedagógica da Escola Bilíngue Aubrick, de São Paulo, Teca Antunes, afirma que é importante que as escolas reconheçam e acolham essas famílias e alunos.
“A partir da relação de proximidade e parceria, escola e família podem alinhar como será a participação do aluno e da família, sempre respeitando crenças, valores e culturas individuais. Se a escola tiver essa possibilidade, pode oferecer atividades paralelas com o mesmo valor pedagógico, garantindo o acesso a conteúdos culturais relevantes. O diálogo respeitoso e aberto deve sempre prevalecer”, opina.
As educadoras do Brazilian International School, do Colégio Progresso Bilíngue Cambuí e da Escola Bilíngue Aubrick orientam, a seguir, formas para educadores trabalharem a data de forma diferente e personalizada a depender de cada segmento e faixa etária das turmas de alunos.
Educação Infantil
Com crianças pequenas, o foco está na vivência sensorial e simbólica. Cantar, dançar, brincar e experimentar os sabores juninos promovem a imersão no imaginário cultural. Atividades como construção de bandeirinhas, ensaios de quadrilha e rodas de conversa sobre costumes familiares ajudam as crianças pequenas a compreender e valorizar a tradição de forma lúdica e acolhedora.
Ensino Fundamental
Com alunos maiores, as propostas de atividades podem se expandir para projetos interdisciplinares, oficinas temáticas e produção de materiais artísticos e jornalísticos sobre as festas. Trabalhar com textos informativos, maquetes de arraiais, pesquisas sobre diferentes regiões do Brasil e apresentações musicais torna o aprendizado significativo e colaborativo.
Ensino Médio
Com os adolescentes, é possível propor reflexões mais aprofundadas sobre a apropriação cultural, as transformações da festa ao longo do tempo, os impactos sociais da urbanização nas tradições rurais, além de debates sobre pluralidade religiosa e respeito às diferentes visões de mundo. Há espaço ainda para fomentar o protagonismo juvenil, incentivando exposições, apresentações e ações solidárias.