Em 8 de outubro, o Brasil homenageia uma cultura local que envolve nossa gente de norte a sul.
Por Contraf-CUT
São Paulo tem a maior população nordestina fora do Nordeste. E foi na capital paulista que se começou a comemorar o Dia do Nordestino, em 8 de outubro. A data foi incluída no calendário comemorativo da capital paulista pela lei municipal nº 14.952/2009. E a homenagem, centrada na figura do poeta popular Antônio Gonçalves da Silva (1909-2002), o famoso Patativa do Assaré, se espalhou por todo o país.
Mas, além de Patativa do Assaré, muitas outras personalidades nacionais são de algum dos estados do Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia, como Paulo Freire, Gilberto Freyre, José Lins do Rego, Graciliano Ramos, José Américo de Almeida, Aluísio Azevedo, Castro Alves, Joaquim Nabuco, Raquel de Queiroz, João Cabral de Melo Neto, Ariano Suassuna, Jorge Amado, Augusto dos Anjos, Nísia Floresta e Ferreira Gullar, entre tantos outros escritores e intelectuais.
A história do Brasil também é marcada por personalidades e eventos nordestinos. O descobrimento ocorreu na Bahia, Salvador foi a primeira capital do país, a República foi proclamada pelo marechal alagoano Manuel Deodoro da Fonseca, o primeiro presidente. A região também foi o palco de marcantes movimentos de origem popular, como a Guerra de Canudos e o cangaço, que hoje fazem parte da identidade do Nordeste e do nordestino, como um povo de luta e resistência. Um povo que não se dobra frente às dificuldades que a vida lhe impõe.
A maior liderança popular e sindical do país, Luiz Inácio Lula da Silva, também é da região. Lula, depois de ter sofrido o mesmo destino de muitos nordestinos, enfrentar a seca e ter que migrar para o Sudeste do país em um “pau-de-arara”, se tornou presidente da República. Durante seu mandato, de 2003 a 2010, o Nordeste teve a oportunidade de mostrar todo seu potencial de realização e superação. Segundo dados do Banco Central, durante os mandatos do ex-presidente Lula, a região apresentou crescimento de 4,1% ao ano, acima do índice do país, que ficou na marca de 3,3%. Em 2012, a economia local cresceu o triplo da média brasileira.
Na cultura
O Nordeste é o berço de nomes da música popular brasileira muito apreciados, como Luiz Gonzaga, Caetano Veloso, Belchior, Gilberto Gil, Gal Costa, Maria Bethânia, Dorival Caymmi e João Gilberto, que ao lado de muitos outros talentosos artistas cantam nos arraiais juninos de São João, Santo Antônio e São Pedro, nos reisados, nas danças ao lado de bumba meu boi, na lavagem do Bonfim e nas homenagens a Iemanjá.
Essas festas surgiram lá, e por isso são enfeitadas com as cores de frutas únicas, como caju, cajá, mangaba, pitanga, sapoti, pinha, graviola, carambola, pitomba, bacuri, buriti, jenipapo, tamarindo e acerola. Mas seu embalo é tão contagiante que elas acontecem em todo o Brasil, com o sabor de pratos apreciados de norte a sul, como tapioca, acarajé, vatapá, moqueca, buchada de bode, baião de dois, cuscuz, caranguejo, paçoca de carne, caruru, carne de sol e panelada; e de doces como mungunzá, pudim de tapioca, sequilho, bolo de rolo, pamonha doce, cocada, bolo de aipim, caju em calda, pé de moleque, cartola de queijo coalho e banana, rapadura, geleia de umbu, lelê. Tem para todo gosto.
“Cultura, política, luta e resistência. Tudo isso mostra o valor do Nordeste e do povo nordestino”, diz o secretário geral da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Gustavo Tabatinga.