Dia de Finados: especialista desvenda mitos e curiosidades sobre o setor e a relação dos brasileiros com a morte

FONTE: Dariane Araújo

Blog do Eloilton Cajuhy – BEC

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Com a chegada do Dia de Finados, data marcada por homenagens e lembranças, também vêm à tona crenças e tabus que ainda cercam o universo da morte no imaginário popular. Apesar de o tema estar mais presente nas conversas, muitos mitos ainda persistem — desde o medo de frequentar cemitérios a equívocos sobre cremação.

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Para Roberto Toledo, diretor do Grupo Zelo, o momento é ideal para promover uma reflexão mais leve e realista sobre o tema. “Ainda existem muitas crenças que distorcem a visão sobre a morte e os rituais de despedida. Hoje, as cerimônias estão mais personalizadas, o uso de tecnologia é crescente e há uma preocupação maior com o meio ambiente e com o acolhimento das famílias. Falar sobre o assunto com naturalidade é uma forma de quebrar tabus e transformar o Dia de Finados em um momento de memória e celebração da vida”, afirma.

O setor que lida com a morte passou por uma verdadeira transformação nos últimos anos. Cerimônias e homenagens se tornaram mais acolhedoras e personalizadas, refletindo a história e as paixões de quem partiu. O uso de tecnologias — como transmissões online e plataformas de homenagens virtuais — também se tornou mais comum, permitindo que familiares e amigos participem à distância.

Outro avanço importante está nas soluções ecológicas, como a utilização de insumos menos agressivos ao meio ambiente, a criação de diamantes a partir das cinzas da cremação, o aumento dos cemitérios verticais e o aprimoramento das práticas de destinação de resíduos. “O cuidado com o corpo, por exemplo, é feito com técnicas mais seguras e sustentáveis. Além disso, há uma influência crescente da psicologia do luto, que ajuda a tornar todo o processo mais humano e respeitoso”, acrescenta Toledo.

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  1. Mito: “Todos os cemitérios são iguais”.
     Realidade: Cada espaço tem características próprias, tradições regionais e formas diferentes de acolher as famílias. Há desde cemitérios verticais até jardins-memoriais, que unem natureza e arte.
  2. Mito: “Planejar o próprio funeral atrai a morte”.
     Realidade: Essa é uma das superstições mais comuns. Refletir sobre o tema é, na verdade, um gesto de maturidade e cuidado com quem ficará.
  3. Mito: “A cremação é cara e proibida pela religião”.
     Realidade: O custo depende da localidade e das opções de serviço. E, ao contrário do que muitos pensam, a Igreja Católica permite a cremação desde 1963, enquanto outras religiões, como o Hinduísmo e o Budismo, a adotam como parte central de seus rituais.
  4. Mito: “As cinzas da cremação contêm flores e pedaços do caixão”.
     Realidade: O forno crematório atinge temperaturas de até 1.000 °C, consumindo por completo madeira, tecidos e flores. O que resta são fragmentos ósseos processados até se tornarem cinzas.
  5. Mito: “As cinzas são misturadas com as de outras pessoas”.
     Realidade: O processo é individual e segue protocolos de identificação rigorosos. Cada cremação é acompanhada por sistemas de rastreio que garantem total segurança.
  6. Mito: “Os cemitérios reutilizam urnas”.
    Realidade: A prática é ilegal. As urnas são de uso único e o descarte segue regras ambientais e sanitárias específicas.
  7. Mito: “É proibido realizar velórios à noite”.
    Realidade: Não existe lei federal que proíba. Alguns locais limitam o horário apenas por motivos de segurança e logística.
  8. Mito: “Pisar na terra do cemitério traz doença”.
    Realidade: Cemitérios modernos seguem padrões sanitários rígidos. Técnicas como a tanatopraxia, que preserva o corpo, garantem segurança e conforto aos visitantes.
  9. Mito: “É possível enterrar em qualquer lugar”.
    Realidade: O sepultamento, ou inumação, só pode ocorrer em locais legalmente autorizados, preparados para o manejo adequado dos corpos e resíduos.
  10. Mito: “Falar sobre a morte atrai coisas ruins”.
    Realidade: Falar sobre o tema ajuda a encarar a finitude de forma mais natural e a valorizar a vida. “Quanto mais natural for o diálogo, mais preparados estaremos para viver o luto de forma saudável”, diz Toledo.

Para o especialista, Finados pode e deve ser um dia de celebração e afeto, e não apenas de tristeza. “Após o período mais doloroso do luto, manter viva a memória de quem partiu é uma das formas mais puras de amor. Plantar uma árvore, acender uma vela, reunir a família ou visitar o local de descanso são gestos que reforçam esse vínculo e ressignificam a data”, conclui Toledo.

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