Debate no Senado reforça apoio à proibição de celulares nas escolas

Esta foi a segunda audiência do colegiado sobre o tema

Da Rádio Senado, Pedro Pincer

Foto: Pedro França/Agência Senado

Na segunda audiência da Comissão de Educação sobre celulares nas escolas, nesta segunda-feira (18), especialistas defenderam a restrição aos aparelhos em salas de aula. Em setembro, o Ministério da Educação anunciou que prepara um projeto de lei para proibir o uso de celulares por estudantes de escolas públicas e privadas. A diretora de Apoio à Gestão Educacional da pasta, Anita Stefani, apontou que o uso de celulares por crianças e adolescentes traz alguns riscos para a saúde física e mental, como o sedentarismo e a depressão. Ela informou que, para o ministério, o debate sobre a restrição do uso de celulares nas escolas é relevante e disse que é saudável o uso de tecnologias de forma mediada e com fins pedagógicos:

(Anita Stefani – MEC) “Se a gente somente restringir e falar que esse não é mais um problema, o uso de celular não é mais um problema nas escolas, ele não deixa de ser um problema na sociedade, por parte das nossas crianças e adolescentes. Então, é importante que a gente inclua, nesse debate, para além da restrição, também ações pedagógicas de reflexão, de uso de tecnologia, de informações que chegam para as nossas crianças por meio digitais, para que seja realmente efetivo o que a gente vem trazendo”.

Segundo o psicólogo Cristiano Nabuco, especializado em dependências tecnológicas, 45% dos alunos brasileiros dizem que já se distraíram com o celular durante a aula. Ele lembrou que os problemas causados pelo uso excessivo de celular são conhecidos e vão desde a obesidade e miopia até distúrbios de sono e automutilação.

(Cristiano Nabuco) “Eu vejo, num primeiro momento, com bons olhos, a ideia de pararmos um pouco as coisas para que a gente possa minimizar os impactos, para que então essa discussão possa ser feita com parcimônia. Temos que ter uma educação digital consciente e responsável, para que possamos desenvolver uma condição que seja minimamente mais saudável e adequada para a sociedade como um todo”.

Já o professor João Malheiro, doutor em Educação pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, questionou a necessidade de uma lei sobre a restrição do uso do celular:

(João Malheiros) “Existe lei que proíbe a criança a levar, pois não sei, Coca-Cola na escola? Não existe, né? Existe lei que proíbe a criança a levar revista pornográfica? É óbvio que isso não vai existir nunca. Essa lei tem um fundo a ser bonito e bacana, mas tem muita coisa por trás que não está bem resolvida. Quem tem que resolver essa questão não é o governo, não é o MEC. Quem tem que fazer essa questão é o diretor da escola”.

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