Confira dicas para proteger crianças e adolescentes nas festas de final de ano

Mais de 90% dos casos de violência e agressão contra crianças ocorrem no ambiente doméstico, indica pesquisa

Blog do Eloilton Cajuhy – BEC

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Crianças participam de atividade sobre prevenção à violência em organização parceira do ChildFund – Foto: Marcelo Martins

Entramos em um dos meses mais festivos e sinônimo de família do ano. Natal, réveillon, início das férias escolares e muitas comemorações acontecem em dezembro. Para as famílias que possuem crianças e adolescentes, os encontros ficam ainda mais especiais, mas é nestes momentos em que os pais e responsáveis devem ficar em alerta. Mais de 90% dos casos de violência e agressões contra crianças no Brasil ocorrem no ambiente doméstico, sendo 72,7% onde mora a vítima e o acusado da agressão, 15,7% na casa da vítima e 5,2% na casa do acusado, de acordo os dados da Pesquisa Nacional da Situação de Violência Contra Crianças no Ambiente Doméstico, publicada pelo ChildFund.

Segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2024, além de grande parte (88%) das vítimas de estupro serem meninas, 61,6% têm até 13 anos e em 84% das situações o agressor é um familiar ou alguém próximo da vítima. Todos esses números servem de alerta para que em reuniões familiares e com amigos, mesmo em ambientes conhecidos, os responsáveis estejam sempre juntos.

“Independentemente da quantidade de pessoas no local, os cuidados devem ser os mesmos, até mesmo dentro de casa, pois os dados indicam que são os lugares mais perigosos e propícios a violações e abusos. Além disso, cuidar das crianças e dos adolescentes é um dever de toda a sociedade, então é importante estar em alerta em todos os locais”, destaca Mauricio Cunha, presidente executivo do ChildFund Brasil, organização com cerca de 60 anos de atuação pela promoção e defesa dos direitos de crianças, adolescentes e jovens.

Apesar da atenção redobrada, criar um ambiente em que meninos e meninas sintam-se seguros para falar, também faz a diferença. A comunicação aberta desde a primeira infância, principalmente com ensinamentos em relação aos limites do corpo, ajuda a prevenir situações de risco e, garantir que, caso algo saia do controle, a criança ou adolescente terá a liberdade para contar.

Para auxiliar pais e responsáveis na missão de proteger crianças e adolescentes durante as comemorações, o ChildFund reúne orientações simples, mas importantes, que podem ser utilizadas até mesmo no dia a dia das famílias. Confira as principais dicas:

  • Mantenha os pequenos sempre por perto: mesmo em ambientes familiares, evite deixá-los sozinhos em quartos ou espaços isolados. Redobre a atenção em locais com alta circulação de adultos.
  • Estabeleça regras claras antes do evento: combine com a criança quem são os adultos responsáveis, onde ela pode brincar e em quais casos deve pedir ajuda;
  • Ensine que o corpo dela tem limites: explique, de forma adequada à idade, que ninguém pode tocar em partes íntimas e que ela pode dizer “não” para qualquer situação que a deixe desconfortável, inclusive com familiares;
  • Observe mudanças de comportamento: choro fácil, medo repentino de alguém, irritação, regressão ou silêncio excessivo podem ser sinais de alerta;
  • Evite álcool ou descuido entre os adultos responsáveis: em festas com bebida alcoólica, organize uma escala ou combine quem ficará mais atento às crianças. E caso o adulto responsável precise se ausentar por algum motivo, avise um outro adulto de confiança;
  • Não force cumprimentos físicos: abraços e beijos devem ser opcionais. Ensinar que a criança tem autonomia sobre o próprio corpo é uma forma de proteção;
  • Fique atento a lugares fechados: banheiros, quartos, carros e áreas isoladas são locais que exigem maior vigilância;
  • Incentive a criança a avisar sempre aonde vai: para brincar no quintal, mudar de ambiente ou acompanhar outra criança, deixe a regra clara: sempre avise um adulto de confiança;
  • Oriente sobre situações que parecem “normais”: brincadeiras de “segredo”, pedidos para ficar sozinha com um adulto, presente trocado por carinho, fotos ou jogos estranhos devem ser sempre relatados;
  • Busque ajuda imediatamente se notar qualquer suspeita: em caso de sinais de abuso, procure serviços especializados, Conselho Tutelar e denuncie pelo Disque 100.

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