Especialista ensina como ajudar os pequenos a entenderem emoções negativas.
Maria Emilia Silveira
Encontros para assistir aos jogos, comemorações divertidas, troca de figurinhas e ídolos todos os dias na televisão. Para muitas crianças, especialmente aquelas que estão acompanhando o mundial pela primeira vez, a Copa do Mundo é puro motivo de alegria. Por outro lado, a cada time eliminado a transmissão mostra o choro e frustração de crianças dentro e fora dos estádios.
A psicopedagoga Deyse Campos, da Escola Interpares, de Curitiba (PR), explica que as comemorações de uma vitória são emoções mais fáceis de lidar. Já uma derrota do time do coração pode suscitar uma frustração difícil, muitas vezes acompanhada de choro e da inabilidade para entender que em um campeonato sempre existirão equipes vencedoras e perdedoras.
Como lidar com a frustração de uma criança com a derrota?
O primeiro passo, segundo ela, é ensinar que perder um jogo faz parte do esporte e não significa que um time ou jogador deva ser rotulado por isso. “O resultado de um jogo nem sempre é resultado do melhor em campo, uma vez que grandes times fizeram excelentes partidas, sofreram gols e foram desclassificados”, diz.
De acordo com a especialista, as crianças enxergam na Copa do Mundo um momento lúdico, de muita confraternização e alegria, onde as torcidas, as vuvuzelas e os gols são sinônimo de felicidade. A derrota é o oposto, o lugar triste, onde a sua identidade, o seu país, passa pela tristeza. E, assim como a alegria da vitória deve ser estimulada, diante de uma derrota é preciso fazer a criança entender que se trata de um processo normal, que faz parte do jogo e logo outras oportunidades virão.
“É importante frisar aqui que o adulto não precisa e nem deve afastar a criança desse cenário para evitar que ela venha a se frustrar. Experimentar sentimentos mais desafiadores é importante para a criança, e a Copa do Mundo pode ser um excelente momento para trabalhar isso com ela”, conta a especialista.
Segundo Deyse, os pequenos podem e devem participar, inclusive seguindo à risca os protocolos de torcedor: vestir a camisa, defender o time, empurrar e impulsionar com palmas, gritos e pulos. Em caso de derrota, é fundamental que tenha o suporte dos adultos, que vão explicar que o fato de competir é que nos torna competentes.
“É um excelente momento também para mostrar que, mesmo após uma derrota, seguiremos sempre torcendo pelo nosso time, seja a seleção nacional, seja o time da cidade ou mesmo da escola”, afirma.
Outra boa dica para os responsáveis é compartilhar a sua própria experiência de vida. “Podemos explicar às crianças que na maioria das vezes não se vence. A Copa do Catar é a 22ª edição do mundial e o time que mais vezes ganhou, que é o Brasil, saiu vitorioso em cinco delas. Ou seja, na maioria das vezes não ganhamos – e o mesmo vale para todos os outros países”.
A especialista finaliza explicando que, ao entender isso, a criança perceberá que está tudo bem, que a Copa do Mundo sempre rende boas memórias, que logo virá outra e, acima de tudo, o quanto é especial vencer um mundial.