Entre as complicações, está o parto prematuro; Ong reforça campanha de conscientização e prevenção
Blog do Eloilton Cajuhy – BEC
Só no início de 2025, de acordo com o painel de monitoramento das arboviroses, o Brasil já registrou mais de 255 mil casos possíveis de dengue, com 72 óbitos confirmados e outros 290 em investigação. Qualquer pessoa pode ser atingida pela doença, porém, existem grupos mais suscetíveis a desenvolver a forma grave, entre eles, as gestantes.
Dados do Ministério da Saúde apontam que em 2023 foram registrados 1.157 diagnósticos de dengue em grávidas nas seis primeiras semanas do ano e em 2024, na mesma época, o número aumentou 345,2%, 5.151 casos.
“Uma vez infectadas, as gestantes apresentam maior risco de desfechos desfavoráveis quando comparadas às mulheres não gestantes. Por isso, esse grupo demanda atenção especial em termos de prevenção, diagnóstico e tratamento, sendo fundamental para garantir a segurança e o bem-estar das gestantes e puérperas durante esse período crítico”, destaca o presidente da Comissão Nacional Especializada em Doenças Infectocontagiosas da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), Dr. Regis Kreitchmann.
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Diante do problema, a ONG Prematuridade.com reforça o alerta para conscientizar as grávidas e profissionais de saúde sobre os sinais da dengue durante a gravidez. “Por meio de campanhas de conscientização, materiais educativos e parcerias com o governo e instituições profissionais, precisamos divulgar amplamente informações sobre como prevenir a dengue, como reconhecer os sintomas e onde procurar assistência adequada”, diz a diretora executiva da ONG Prematuridade.com, Denise Suguitani.
De acordo com estudo mais recente, publicado por pesquisadores do Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para Saúde (Cidacs/Fiocruz Bahia), em parceria com a London School of Hygiene & Tropical Medicine (LSHTM) e Universidade de São Paulo (USP), a dengue hemorrágica aumenta em 2,4 vezes a chance de o bebê nascer prematuro.
As alterações ocorrem principalmente durante a doença aguda. Não existem vacinas contra a dengue liberadas para o uso durante a gravidez. “As gestantes devem estar atentas e procurar atendimento assim que notarem os primeiros sintomas, já que eles podem ser confundidos com os de outras condições comuns na gestação”, salienta Denise. Entre os sintomas mais comuns da dengue, estão dor no corpo e nas articulações, febre, manchas avermelhadas, enjoo e dores abdominais.
O sistema imunológico das grávidas é compartilhado com seu bebê, por isso, são mais suscetíveis a infecções, que podem evoluir para quadros mais graves da doença, uma vez que a dengue afeta diretamente a cadeia plaquetária, favorecendo quadros hemorrágicos. A mãe, se infectada nos primeiros meses, corre o risco de sofrer um aborto espontâneo. Já se a infecção ocorrer no segundo e terceiro trimestres de gravidez, o risco é de um parto prematuro, com todas as possíveis complicações relacionadas, como baixo peso e problemas de desenvolvimento do bebê.
Pensando em ações de prevenção à doença no ano passado, a Febrasgo, em parceria com o Ministério da Saúde e a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), lançou o “Manual de Prevenção, Diagnóstico e Tratamento da Dengue na Gestação e no Puerpério”. O material foi concebido com o propósito de oferecer orientações específicas e detalhadas sobre a gestão da dengue em grávidas e puérperas, abordando desde o diagnóstico precoce até o tratamento clínico e a prevenção de complicações graves.
“Com esse documento, a Febrasgo reafirma sua preocupação com a saúde das gestantes e puérperas, que representam um grupo particularmente vulnerável em meio ao avanço de epidemias como a dengue. Nossa prioridade é garantir a saúde da gestante e do bebê”, destaca o Dr. Regis.
Cuidados e Prevenção – A ONG Prematuridade.com reforça as ações de combate à proliferação dos mosquitos, evitando focos de água parada e colocando telas em janelas e portas. Além disso, é recomendado o uso de roupas de cor clara, que cubram o máximo possível da pele.
O uso de mosquiteiros sobre a cama também ajuda a evitar as picadas. Em relação aos repelentes, os indicados para o uso em gestantes são aqueles à base de “Icaridina”, o “DEET” e o “IR3535”. Em regiões com temperaturas mais elevadas, esses repelentes devem ser utilizados em períodos mais curtos de tempo. É recomendado o uso em toda a área exposta da pele; no caso de roupas de tecidos finos, sugere-se utilizar o repelente sobre a roupa.