Autismo na vida adulta: neurologista explica sobre sinais, diagnóstico e possibilidades de tratamento

FONTE: AF Conexão

Blog do Eloilton Cajuhy – BEC

Foto: Reprodução / Canal Autismo

Muitos adultos convivem com os sinais do autismo sem saber. Por não terem recebido diagnóstico na infância, seus comportamentos são frequentemente vistos como excentricidades, timidez extrema ou traços de uma personalidade difícil. No entanto, compreender o transtorno no contexto adulto é essencial para oferecer acolhimento, diagnóstico adequado e caminhos de tratamento.

Como bem relata o Dr. Matheus Trilico, que é neurologista referência nacional no tratamento para esse público específico, “muitos adultos passaram a vida ouvindo que eram esquisitos, frios ou intensos demais, até que o diagnóstico funciona como acender uma luz num quarto onde se viveu por anos no escuro”.

>> Clique aqui e entre no canal do BEC no WhatsApp

Segundo o neurologista, adultos autistas frequentemente usam estratégias conscientes ou inconscientes de “camuflagem social” para não se sentirem excluídos, um esforço que pode levar a uma exaustão contínua e a um desgaste emocional profundo. Muitas vezes, isso se reflete em tensão, ansiedade ou depressão não porque algo está errado com a pessoa, mas pela energia gastada tentando parecer neurotípico.

Mesmo considerando o autismo como um transtorno do neurodesenvolvimento presente desde a infância, há muitos fatores que só se manifestam ou ganham significado mais tarde, especialmente diante da rotina adulta. O Dr. Trilico destaca que a comunicação social menos direta e clara, sensibilidade a estímulos sensoriais e dificuldade para lidar com interrupções ou alterações de rotina são angústias frequentes nessa fase da vida. Esses desafios incluem: interpretar expressões faciais, compreender ironias ou gestos sutis e enfrentar ambientes ruidosos ou com muita luz, que podem desencadear estresse imediato.

O diagnóstico tardio é, muitas vezes, um momento de alívio, a chave para entender por que a vida foi tão difícil por tanto tempo. Dr Matheus menciona que, ao descobrir ser autista na vida adulta, muitos relatam uma liberação emocional e uma nova possibilidade de autocompaixão, assim como melhores chances de receber apoio e tratamento adequado.

Dr. Matheus enfatiza que a verdadeira inclusão se dá quando não é o autista que precisa se adaptar ao mundo, mas sim o mundo que se ajusta para incluir o autista. Isso implica:

  • Adaptação de ambientes sociais e profissionais: espaços mais calmos, com comunicação clara, rotina previsível, flexibilidade de horários.
  • Capacitação de profissionais de saúde para identificar sinais sutis de TEA na vida adulta e oferecer terapia adequada.
  • Campanhas de conscientização para desconstruir estereótipos e reconhecer habilidades únicas, porque muitos autistas têm talentos extraordinários que merecem ser valorizados.

Com base nas recomendações do Dr. Matheus Trilico, aqui vão algumas estratégias eficazes:

  • Rotina estruturada: reduz ansiedade e cria previsibilidade.
  • Exercícios físicos regulares: melhoram o humor e reduzem o estresse.
  • Apoio social positivo: redes de suporte e grupos de autistas promovem pertencimento.
  • Desenvolvimento das habilidades de comunicação: ajuda a diminuir frustrações no convívio social.
  • Terapia especializada: TCC, psicoterapia ou outras abordagens respeitosas são fundamentais.
  • Cuidados com saúde física: alimentação saudável e dormir bem fortalecem a saúde mental.

Veja também