Brasil registra 78 mil novos casos e 4,5 mil mortes por tuberculose ao ano e cartilha visa fortalecer 400 mil agentes de saúde na resposta nacional

FONTE: SENSU Consultoria de Comunicação

Lançada pelo Projeto A CASA, publicação técnica inédita para Agentes Comunitários de Saúde e Agentes de Combate às Endemias orienta sobre sinais, diagnóstico, transmissão e tratamento

Blog do Eloilton Cajuhy – BEC

Foto: Agecom Bahia

O Brasil acaba de lançar uma cartilha inédita sobre tuberculose destinada aos mais de 400 mil Agentes Comunitários de Saúde (ACS) e Agentes de Combate às Endemias (ACE) que, diariamente, percorrem as 5.570 cidades do país. A iniciativa, idealizada pelo Projeto A CASA – Comunidade de práticas, conexão, formação e informação do Agente Comunitário de Saúde e Agente de Combate às Endemias, tem o objetivo de fortalecer a vigilância ativa, apoiar o diagnóstico precoce e aprimorar a orientação às famílias, justamente em um momento de mobilização nacional referente ao Dia Nacional de Combate à Tuberculose, celebrado em 17 de novembro.

A cartilha, que está disponível para download gratuito no site www.acasadosagentes.org.br, foi construída a partir das demandas concretas dos profissionais que atuam na base do sistema de saúde brasileiro, incorporando experiências de campo e necessidades percebidas em diferentes regiões do país.

Download das cartilhas:
https://acasadosagentes.org.br/img/CARTILHA-SOBRE-TUBERCULOSE.pdf}

A publicação técnica chega para auxiliar no enfrentamento a uma doença que permanece como importante causa de mortalidade no mundo. Em 2023, 10,6 milhões de pessoas adoeceram por tuberculose e 1,3 milhão morreram em decorrência da infecção, segundo estimativas internacionais. No Brasil, foram registrados 78 mil novos casos registrados e cerca de 4,5 mil mortes no último ano, demonstrando que o país ainda convive com forte transmissão sustentada, especialmente em territórios mais vulneráveis.

O combate efetivo depende, sobretudo, de vigilância e acolhimento qualificado onde as pessoas vivem, o que faz dos ACSs e ACEs protagonistas insubstituíveis neste processo. “O melhor cuidado é aquele oferecido pela equipe multiprofissional, onde todos têm um papel importante”, afirma Thiago Lavras Trapé, presidente do Instituto de Pesquisa e Apoio ao Desenvolvimento Social (IPADS), integrante do comitê gestor do A CASA, que reúne também a Fundação Johnson & Johnson e a Confederação Nacional dos Agentes Comunitários de Saúde e Agentes de Combate às Endemias (CONACS).

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Com linguagem acessível e foco prático, a cartilha detalha como se dá a transmissão do Mycobacterium tuberculosis, orienta sobre prevenção e destaca os sintomas que acionam a suspeita clínica, especialmente a tosse persistente por três semanas ou mais, febre no final da tarde, sudorese noturna, emagrecimento e perda de energia. As informações reforçam que ambientes fechados e sem ventilação favorecem a circulação da bactéria, um cenário frequente nos locais onde os agentes exercem seu trabalho de porta em porta.

O material também dedica espaço aos chamados comunicantes, pessoas com convivência prolongada com alguém que tenha tuberculose pulmonar, como familiares e colegas de trabalho. A orientação direta dada pelos agentes aos contatos domiciliares é determinante para interromper a cadeia de transmissão e evitar adoecimentos futuros. Crianças pequenas, idosos e pessoas com imunidade reduzida, como indivíduos vivendo com HIV, exigem atenção ainda maior.

Ao apresentar didaticamente os principais exames disponíveis na rede do SUS (baciloscopia, teste rápido molecular (TRM-TB), cultura de escarro, raio-X e tomografia) a publicação ajuda o agente a conduzir o usuário com tranquilidade até as etapas de diagnóstico. Embora a responsabilidade final seja médica, a confiança gerada por quem acompanha o paciente desde os primeiros sinais melhora adesão, reduz abandono e acelera o início do tratamento. “Os ACSs e ACEs podem, com essa cartilha, se sentir aptos para orientarem as pessoas que apresentem sintomas de tuberculose”, ressalta Ilda Angélica Correia, presidente da CONACS, destacando o empoderamento e a segurança técnica que o novo material traz para a categoria.

A cartilha ainda aborda as formas extrapulmonares da doença, que podem acometer pleura, gânglios e ossos, reforçando que cada agente tem papel crucial como olhar atento dentro dos domicílios. A publicação inclui informações sobre medicamentos e cuidados durante o tratamento, que dura, em média, seis meses e deve ser mantido até a alta para garantir a cura e evitar resistência bacteriana.

Mais do que informar, o conteúdo reconhece e valoriza a dimensão humana do trabalho territorial. Com vínculos construídos na rotina das comunidades, os agentes frequentemente tornam o SUS a primeira e, muitas vezes, a única porta de entrada para quem convive com a doença em meio ao estigma, aos desafios sociais e ao medo. Quando o cuidado chega antes, o impacto da tuberculose diminui e as barreiras ao diagnóstico se rompem.

O lançamento da cartilha técnica pelo Projeto A CASA reforça que o combate à tuberculose deve ser contínuo e prioritário. “Em um país com enorme diversidade social e geográfica, fortalecer quem atua na base do sistema significa defender o direito à saúde e garantir que conhecimento e prevenção cheguem aonde são mais necessários. Com a informação nas mãos dos agentes, o Brasil está mais preparado para reduzir casos, salvar vidas e transformar a realidade de uma doença que não pode mais ser ignorada”, reforça Thiago Trapé.

No cotidiano das casas brasileiras, completa Ilda Angélica, uma conversa na porta ou uma escuta ativa durante a visita pode representar a diferença entre o agravamento de sintomas e o início imediato do tratamento.

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