Por Patrick Everto*
Senhor do Bonfim, BA – Esta curta mensagem tem por objetivo convidar você a fazer uma reflexão sobre a atual conjuntura política do nosso município, mas que se espraia por todo o país.
Nas últimas eleições, temos observado que Deus esteve presente na fala de quase todos os candidatos.
Isso é intencional!
Os políticos já perceberam que usar Deus como estratégia de capital político vem dando certo, especialmente nos segmentos mais religiosos da sociedade, como evangélicos, por exemplo.
Isso acontece porque as pessoas tendem a rejeitar políticos que tenham outras religiões, como as de matrizes africanas, ou mesmo que não professem qualquer denominação religiosa, ou ainda, que sejam ateias (não acreditam na existência de um Deus).
Não podemos demonizar o outro apenas porque não praticam a mesma fé que a nossa ou que não acreditam no mesmo Deus que a gente.
As pessoas têm liberdade intelectual, racional, psíquica e espiritual para exercitar a sua religiosidade da maneira que mais lhes convém, considerando a autonomia e a percepção individual sobre essa questão.
Mas, voltando ao contexto político, é preciso chamar a atenção das pessoas para o crescente número de políticos que exploram a imagem de homens e mulheres de fé, que vão à igreja com a família e que têm ligação direta com Deus, com o objetivo único e exclusivo de vender uma imagem, um produto enlatado para o eleitor consumir (marketing politico).
A população brasileira é, em sua grande maioria, composta por gente que acredita em Deus, especialmente católicos e evangélicos. Contudo, convivemos diariamente com violência de diversas ordens e com o recrudescimento da criminalidade, da intolerância, do ódio, da corrupção e da falta de empatia com a dor das pessoas e dos animais.
Ora, se somos um povo cristão, por que isso ocorre com tanta intensidade?
Apenas porque somos pecadores?
Ou porque fazemos um discurso descolado da prática?
O fato é que a política capturou a religiosidade das pessoas, a boa-fé dos cidadão e agora vemos, com mais expressividade, líderes religiosos servindo de esteio para políticos, polarizando a sociedade dos que estão com Deus e os que com ele não estão, como se prepostos da moralidade fossem, ou como se tivessem portando uma procuração Divina para separar “o joio do trigo” na terra.
Em que pese as pessoas exigirem que políticos acreditem em Deus ou que professem a religião dominante no nosso país, não exigimos o mesmo de outros atores sociais de quem tomamos serviços, como médicos, advogados, engenheiros, dentistas, empresários, por exemplo.
Você deixaria de procurar um médico renomado por ele ser ateu?
Deixaria de fazer um procedimento odontológico com um dentista gay?
Não compraria em uma farmácia com preços populares porque ela pertence a um empresário que é pai de santo?
Por fim, reforçamos que esse texto tem objetivo de fazer o leitor analisar o candidato pela sua capacidade de gestão, pelo zelo com a coisa pública, pela sua trajetória política, pela sua formação, pela ética que se traduz na sua história profissional, pela humanidade e respeito que carrega na sua fala e, especialmente, na sua prática diária.
Religião, crença e orientação sexual não devem definir quem é bom e quem é mau
Mas o uso dessas questões como exercício de discriminação, desrespeito, violência e desprezo, sim, é capaz de definir o quanto de caráter humano existe em você.
DIA 06 DE OUTUBRO, FAÇA BONITO E DÊ A SUA MELHOR VERSÃO!
*Patric Everton da Silva Nascimento é servidor público em Senhor do Bonfim