Opinião: As peladonas da sanfona

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Por Patric Everton da Silva Nascimento*

Opinião: As peladonas da sanfona

Nos últimos dias, as redes sociais bonfinenses ficaram bastante agitadas por conta de fotos em que mulheres aparecem despidas em frente ao monumento da sanfona.

Assim que o fato foi noticiado, os agentes da moralidade encontraram palanque para fazer declarações moralizantes, atacando e censurando o comportamento alheio, como se fossem juízes iluminados por Deus para julgar as ações dos homens na terra.

Alguém viu as “peladonas” tirando fotos à luz do dia ou no momento em que as pessoas estivessem transitando na rua? Alguém teve algum prejuízo patrimonial ou físico por conta das fotos? Se sua resposta foi negativa para essas perguntas, mas, ainda assim, você se sente inconformado com as fotos veiculadas, você é um forte candidato a cuidar da vida dos outros e se esquecer da sua.

Além disso, se você não quer ver as peladonas tem a opção de não baixar as fotos. Mas sei, você não consegue, é curioso demais para isso…

Até quando a ação do outro, que não repercute em nossas vidas, irá causar mais escândalo do que os fatos noticiados na mídia envolvendo crimes e impunidades, como violência a idosos, maus tratos a animais e licitações fraudulentas.

O cotidiano de Bonfim é recheado de notícias que importam diretamente na qualidade de vida do povo, como um exame de ressonância magnética que demora mais de 12 meses para ser executado, por exemplo.

Entretanto, tudo o que toca a sexualidade alheia (ainda que isso não lhe diga respeito), como a nudez, a vida amorosa e a prática sexual do outro, é o que mais desperta curiosidade e desejo de apreensão pelas pessoas, especialmente daquelas que são reprimidas sexualmente, seja por imposição religiosa ou por razões diversas.

Se você não tem coragem para fazer poses sensuais sem roupas na frente da tal sanfona, saiba que há pessoas que têm. E, respeitadas as imposições legais, é prerrogativa delas exercerem esse direito, e isso vale para outros contextos da vida social.

Assim, precisamos desenvolver a cultura do respeito pela liberdade, ainda que não concordemos com suas convicções ou práticas, visto que não podemos e não devemos impor ao outro aquilo em que acreditamos.

Por fim, deixemos as peladonas da sanfona explorarem seus desejos e seus fetiches em paz. Aproveita, se tiver vontade, faz o mesmo…

*Patric Everton da Silva Nascimento é Servidor Público Federal

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