Polícia Federal abre inquérito para investigar institutos de pesquisas

Campanha do presidente Jair Bolsonaro, em ofício ao Ministério da Justiça, disse que divergência entre pesquisas e resultado das urnas pode configurar irregularidade. PF, a princípio, não vê crime eleitoral.

Por Vladimir Netto e José Vianna, TV Globo — Brasília

A Polícia Federal abriu nesta quinta-feira (13) um inquérito para investigar a atuação dos institutos de pesquisas eleitorais.

O pedido de investigação foi enviado à PF pelo ministro da Justiça Anderson Torres. O ministro recebeu, da campanha do presidente Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição, um ofício que citou a divergência entre os resultados das urnas no primeiro turno e as pesquisas divulgadas às vésperas da votação.

No ofício, a campanha afirmou que um artigo da legislação eleitoral tipifica como crime a “divulgação de pesquisa fraudulenta” e solicitou a adoção de providências pela Polícia Federal.

A TV Globo apurou que Corregedoria-Geral da PF, instância responsável por definir em qual unidade vai tramitar a investigação, não encontrou, a princípio, indícios de crimes eleitorais.

O inquérito será conduzido pela divisão fazendária da Superintendência da Polícia Federal do Distrito Federal, em Brasília. Entre as primeiras providências, os investigadores irão solicitar aos institutos de pesquisas que informem as metodologias usadas.

Os institutos atribuíram divergências entre os números de pesquisas de intenção de voto e os efetivamente registrados pelas urnas no dia da eleição a um movimento de última hora de parte dos eleitores de Ciro Gomes (PDT) e Simone Tebet (MDB). Diante da possibilidade, divulgada pelas pesquisas, de vitória de Lula (PT) no primeiro turno, esses eleitores teriam antecipado os votos que pretendiam dar a Jair Bolsonaro no segundo turno.

Também nesta quinta, o presidente do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), Alexandre Macedo, determinou a abertura de um inquérito para investigar institutos de pesquisa.

Macedo argumentou que os institutos erraram de maneira semelhante o resultado final da votação do dia 2 de outubro para presidente da República. Ele alegou que isso pode significar que houve uma “conduta coordenada entre as empresas”, o que seria irregular.

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