Morre Little Richard, lenda do rock, aos 87 anos

Um dos maiores astros da história do rock, músico foi responsável por hits como ‘Tutti Frutti’, ‘Lucille’, Rip it up’ e ‘Long tall Sally’

O Globo

Little Richard em um show em Paris, em 2005 Foto: STEPHANE DE SAKUTIN / AFP

Astro da história do rock, Little Richard morreu aos 87 anos, na manhã deste sábado (9/5). A notícia foi confirmada pelo filho do artista, Danny Penniman, à revista “Rolling Stone”. À CNN, o ex-empresário de Richard, Dick Allen, disse que Richard faleceu em Nashville, com o irmão e o filho ao seu lado, de câncer ósseo.

Pioneiro do rock n’ roll, nascido na Georgia em 5 de dezembro de 1932, incansável músico, pianista e intérprete, Richard Wayne Penniman, como constava em sua identidade, foi um dos nomes sagrados do ritmo conduzido pelas guitarras elétricas.

O artista, aliás, considerava que o nascimento do rock havia acontecido com o lançamento do clássico “Tutti Frutti”, obra com a sua assinatura que estourou nas paradas de sucesso num Estados Unidos racista e puritano da década de 1950.

Acredito que esse será o meu legado, pois, quando eu comecei no show business, não havia nada parecido com o rock n’ roll — afirmou, em entrevista recente ao El País.

Revolução cultural

Little Richard empolgou uma legião de jovens durante a década de 1950 ao lado de Jerry Lee Lewis e outros músicos que dilaceraram regras e abriram o caminho para mitos como Elvis Presley, os Beatles, Bob Dylan, os Rolling Stones, James Brown, entre muitos outros.

Richard esteve no Brasil para participar do Free Jazz Festival, no Rio de Janeiro, no começo dos anos 1990 Foto: Ivo Gonzalez / Agência O Globo – 28/09/1993

Ele vendeu mais de 30 milhões de discos em todo o mundo, e sua influência sobre outros músicos foi igualmente impressionante, de Otis Redding a Creedence Clearwater Revival e David Bowie.

Um famoso grito de guerra se tornara um marco em seus shows: “A-wop-bop-a-loo-bop-a-wop-bam-boom”, dizia um dos versos de “Tutti Frutti”.

Esse grito foi mesmo responsável por uma revolução cultural e comportamental na América, alçando o rock à categoria de maior fenômeno cultural da segunda metade do século 20. Todas as gerações posteriores tiveram a influência de Little Richard, de forma direta ou indireta.

Richard esteve no Brasil para participar do Free Jazz Festival, no Rio de Janeiro, no começo dos anos 1990 Foto: Ivo Gonzalez / Agência O Globo – 28/09/1993

Beatles abriam seus shows

Em 1957, uma guinada interrompe a requisitada agenda de shows. Durante uma viagem para Austrália, Little Richard abandonou o rock para abraçar a Bíblia, tornando-se pastor e cantor de música gospel. À época, casou-se com Ernestine Campbell e lançou seu primeiro álbum religioso, “God is real”. A carreira evangélica durou apenas quatro anos, bem como seu casamento.

Em 1962, voltou ao rock e aos palcos, percorrendo a Grã-Bretanha e a Alemanha com os Rolling Stones e os Beatles, que abriam os seus shows e o idolatravam.

Ao fim da década de 1970, a dualidade que marcou sua vida estava de volta: após um período de abuso de drogas, quando chegou a gastar cerca de mil dólares por dia com o vício, Richard novamente se afastou do rock para abraçar o cristianismo evangélico, tornando-se pregador e vendedor de bíblias, cantando o evangelho e renunciando ao rock, às drogas e à própria homossexualidade.

Em 1979, ele lançou o álbum gospel “God’s beautiful city”. Como pregador, realizou casamentos para Cyndi Lauper e David Thornton, Bruce Willis e Demi Moore, e falou nos funerais dos músicos amigos Wilson Pickett e Ike Turner.

Little Richard em apresentação em 2009 Foto: AP Photo

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