Comissão da Câmara dos Deputados debate uso nocivo do álcool e seus impactos na sociedade brasileira

Da Rádio Câmara, de Brasília, Natália Ferreira

Foto: Marcos Santos/USP Imagens

Em todo o mundo, uma em cada 20 mortes e 5% das doenças ocorrem por causa do uso prejudicial de bebidas alcoólicas. No caso do Brasil, o álcool provoca uma perda de 7,3% do Produto Interno Bruto (PIB), por causa de gastos com o Sistema Único de Saúde (SUS) e a Previdência Social. As estimativas são da Organização Mundial de Saúde (OMS), divulgadas em 2018.

Por causa dos impactos causados pelo uso nocivo do álcool na sociedade brasileira, a Comissão de Seguridade Social e Família (CSSF) da Câmara se reuniu para debater o tema (7/11).

Segundo dado apresentado pelo psiquiatra especializado na substância e presidente do Comitê de Regulação do Álcool (CRA), Guilherme Messas, 64% dos brasileiros já se sentiram incomodados por alguém que fez uso abusivo da bebida. O psiquiatra destaca que a decisão de exagerar na bebida pode afetar outras pessoas.

“Mudança de comportamento é decisão individual sobre impacto coletivo. Ela é partilhada. A gente é responsável pela liberdade que decide ter. Se a gente sabe que beber e dirigir mata o outro, na verdade, a sociedade entende isso como um agravante, porque não é liberdade pessoal me colocar em risco e colocar terceiros em risco. Portanto, discutir a questão de álcool, é discutir que, se bebe mal no Brasil, discutir o que se pode fazer para que a gente, após esclarecimentos, decidamos em coletivo que regras precisam ser transformadas e seguidas”.

A coordenadora do Programa em Saúde Coletiva da Universidade Federal de São Paulo, Zila Sanchez, deu exemplos de medidas que reduziram os impactos negativos gerados pelo uso exagerado de álcool.

“Na Alemanha, restrição dos horários de venda de bebidas evitou 54 mil lesões, em um ano. Em Diadema, no Brasil, o fechamento dos bares às 23h reduziu em 44% os homicídios na cidade. No Canadá, o aumento de 10% no preço do álcool está associado a uma redução de 32% nas mortes atribuídas ao álcool”.

O Procurador de Justiça do Ministério Público de São Paulo, Mário Sobrinho, cobrou medidas efetivas para reduzir o problema.

“É importantíssimo que nós pensemos, como sociedade, em medidas de prevenção para o álcool. Redução da oferta, redução da demanda. Devemos espelhar-nos na experiência do tabaco. O tabaco foi no Brasil lidado, debatido, discutido e temos uma legislação, temos uma consistência de ações muito importantes. Então eu penso que no aspecto de referência nacional nós temos para fazer uma boa e ampla discussão e regulação do álcool”.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) lançou, em 2018, uma iniciativa que traça estratégias que podem ajudar a reduzir o uso nocivo do álcool. Dentre elas, a OMS indica reforçar as restrições à disponibilidade de álcool, aplicar proibições à publicidade, patrocínio e promoção de bebidas alcoólicas e aumentar os preços da bebida.

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