Gestantes vão ter protocolo específico de atendimento durante a pandemia

FONTE: Karla Alessandra - Rádio Câmara

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O Ministério da Saúde reconhece que a mortalidade materna no Brasil é alta e que as gestantes estão entre os grupos de risco da Covid-19. Segundo os dados apresentados pela pasta, durante reunião virtual da comissão externa da Câmara que acompanha as ações de combate ao coronavírus, as gestantes têm um risco uma vez e meia maior de internação em UTI com necessidade de ventilação mecânica em relação ao restante da população.

O secretário de atenção primária do Ministério, Raphael Parente, afirmou que até o dia primeiro de agosto tinham sido registrados 199 óbitos de mulheres grávidas no Brasil. Para tentar reverter esse quadro, o ministério elaborou um manual para nortear o atendimento às gestantes durante a pandemia de Covid-19.

Segundo Raphael Parente, o ministério está adotando alterações nos protocolos, entre elas a orientação de que as gestantes procurem atendimento médico nos primeiros sintomas gripais, e ainda que todas as gestantes sejam testadas.

“Na nossa determinação, que a gente colocou agora em portaria, toda gestante no final da gravidez, ela será testada, isso foi pactuado com a Secretaria de Vigilância Sanitária, e haverá teste para essas pacientes”.

A diretora do departamento de ginecologia e obstetrícia da Universidade de Santa Catarina, Roxana Knobel, participa do grupo brasileiro de estudos da Covid-19 em gestantes e informou que, após pesquisas realizadas pelo grupo, ficou claro que há uma grande desigualdade no atendimento às gestantes.

“Há um impacto desproporcional da Covid-19 nas mulheres pretas e a gente vê que comparando o perfil das mulheres pretas e brancas, o perfil de idade e de morbidades associadas é semelhante, mas as pretas são hospitalizadas em piores condições. Enquanto 30 por cento das brancas são internadas com uma saturação de oxigênio baixa, quase 50% das pretas são internadas dessa forma, o que demonstra que há uma dificuldade dessas mulheres de acessarem os serviços de saúde. Comparando também as mulheres pretas com as brancas, as pretas têm uma maior probabilidade de internação em UTI, ventilação mecânica e de morrer”.

A professora de ginecologia e obstetrícia da Universidade Federal de Campina Grande Melania de Amorin, que também participa do grupo de estudos, alertou para o fato de que para proteger as gestantes, a Covid deve ser combatida em toda a população.

“É preciso também considerar que as gestantes não estão isoladas do contexto da assistência global à saúde da população. Então além de todas as medidas considerando a saúde das gestantes, nós temos que exigir que medidas urgentes sejam tomadas no sentido de controlar a pandemia”.

O presidente da Comissão, deputado Doutor Luiz Antônio Teixeira Júnior (PP-RJ), defendeu um aumento na remuneração da tabela do SUS para que os municípios possam garantir a realização de um pré-natal de qualidade.

“Os exames da gestante, a gente conhece quais são os exames que ela faz trimestralmente. Que pudesse fazer um pacote de valores, numa condição remuneratória melhor para os municípios e os estados poderem dar mais acesso aos exames laboratoriais de rotina, ultrassonografias”.

O plenário da Câmara aprovou a urgência na apreciação de dois projetos de lei relacionados ao tema. O primeiro (PL 2442/20) amplia na pandemia a validade de pedidos médicos para realização de exames de pré-natal; e o segundo (PL 3932/20) determina o afastamento das gestantes do trabalho durante a pandemia.

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