Especialistas sugerem medidas para reverter queda acentuada de vacinação no Brasil

FONTE: Da Rádio Câmara, de Brasília, José Carlos Oliveira

Share on whatsapp
Share on facebook
Share on twitter
Share on email
Share on telegram

A Comissão Externa da Câmara de Enfrentamento à Covid-19 reuniu especialistas nesta quarta-feira (21) em busca de soluções para a redução acentuada nos índices das principais vacinas aplicadas no país. Coordenador da Frente Parlamentar do Programa Nacional de Imunizações, o deputado Pedro Westphalen (PP-RS), resume o quadro atual dessa queda.

“Na pandemia, baixamos a 50% em alguns casos. Nenhum índice foi alcançado de maneira satisfatória. A BCG, que vinha alcançando os índices de satisfação, baixou para 63% neste ano; hepatite B baixou para 54%; rotavírus, 68%; meningocócica, 68%, quando todos devem estar pelo menos acima de 90% de vacinação; a pentavalente, 66%”.

A necessidade do isolamento social e o medo de contaminação pelo novo coronavírus nos postos de saúde realmente influenciaram a procura por vacinas. Mas Pedro Westphalen aponta outros fatores.

“Grupos antivacinais, fake news, falta de informação vêm fazendo com que esses números caiam a índices preocupantes. A febre amarela, neste ano, chegou a 50%; hepatite A, 65%; pneumocócica, 63%; viral tríplice, 70%. Já temos oito mortes por sarampo, quatro estados com transmissão ativa e 21 estados com presença de sarampo perigosamente”.

E o problema não acontece apenas no Brasil. A Organização Mundial de Saúde e o Unicef, Fundo das Nações Unidas para a Infância, calculam que 117 milhões de crianças de 37 países podem deixar de receber a vacina contra sarampo durante a pandemia. Médica infectologista e professora da Universidade Federal de Goiás, Cristiana Toscano integra o comitê regional da OMS e alertou que a queda da cobertura vacinal afeta também os adultos.

“O excesso de mortalidade por doenças imunopreveníveis não-covid é muito maior, no estimado, do que a própria mortalidade relacionada à covid em função da pandemia de agora e em função de todo esse cenário da redução das coberturas vacinais”.

A presidente da comissão de imunização da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia, Maísa Kairalla, destacou a importância da vacinação correta desde a infância para a garantia de um envelhecimento de qualidade. O presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações, Juarez Cunha, lembrou que a obrigatoriedade de vacinação consta em leis, como o Estatuto da Criança e do Adolescente, mas ressaltou que o foco deve ser a conscientização dos pais e responsáveis.

“A obrigatoriedade já existe no Brasil para crianças e adolescentes. Nós não gostamos muito desse termo nem de utilizá-lo, até porque a gente sabe que o brasileiro confia e acredita nas vacinas e a grande maioria vacina”.

Para reverter o quadro de queda acentuada na cobertura vacinal, os especialistas apostam em campanhas, como a do “Zé Gotinha”, personagem criado no fim dos anos 80 para incentivar a vacinação contra a poliomielite. Coordenadora do Programa Nacional de Imunizações, Francieli Fantinato informou algumas das ações em curso no Ministério da Saúde, entre elas o Movimento Vacina Brasil.

“O objetivo é o de resgatar os sentimentos de segurança, orgulho e comprometimento dos pais e responsáveis em relação à saúde dos filhos; desmistificar as fake news; e fazer uma ação integrada entre órgãos públicos e empresas”.

No processo de restabelecimento dos serviços de vacinação, a OMS recomenda prioridade na imunização de doenças com tendência de surto, como sarampo, poliomielite, difteria e febre amarela. Alguns parlamentares também defenderam a aprovação do projeto de lei (PL 468/19) do deputado Dr. Luiz Antônio Teixeira Jr. (PP-RJ) que cria o Cartão Nacional de Vacinação On Line, a fim de desburocratizar e ampliar a rapidez e a eficiência da vacinação no âmbito do SUS. O Ministério da Saúde informou o desenvolvimento de um aplicativo, o Conect SUS, com objetivo semelhante.

Veja também