Pesquisa mostra que baianas não conhecem terceiro câncer mais incidente no país

Falta de informação também impede que as pacientes busquem tratamento adequado

cancer-colo-uteroO terceiro tipo de câncer mais comum entre as mulheres brasileiras, o câncer de colo do útero, ainda é um mistério para as baianas. Apesar da alta incidência que, de acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), prevê 16.340 novos casos até o final deste ano, 71% das mulheres da Bahia desconhecem a doença e 67% delas não sabem que existe tratamentos para a fase metastática2. A doença atinge, em sua maioria, mulheres de 40 a 50 anos, economicamente ativas, com baixo poder aquisitivo e com famílias constituídas, fatalizando cerca de 90 vítimas por minuto.

Uma pesquisa recente realizada pelo Instituto Datafolha, sob encomenda da Roche Farma Brasil, aponta outro dado alarmante: 27% delas nunca realizaram um exame ginecológico, somente 58% já fizeram o Papanicolau e 18%, o teste do HPV, que detecta de forma mais acertada a presença do vírus que é o principal causador da doença.

“A maioria dessas pacientes dependem do Sistema Único de Saúde e se desanimam com a demora entre a primeira consulta e o resultado do exame e, infelizmente, muitas não voltam para buscar os resultados dos exames”, conta a Dra. Anna Paloma Martins, Oncologista e Hematologista, membro da ASCO, ESMO e SBOC e Diretora Técnica da Unidade de Alta Complexidade em Oncologia de Feira de Santana (UNACON).

Dados da pesquisa mostram que é necessário cerca de um mês para marcar a consulta inicial, em que foi pedido o exame; outro entre a consulta e a realização do exame, mais 30 dias entre a realização do exame e ter acesso ao resultado e mais um mês de espera entre o resultado e a consulta de retorno, na qual é feito o diagnóstico.

Além disso, a doença é vulgarizada por ser causada pelo vírus do HPV, que erroneamente é associado à promiscuidade. Uma prova da falta de conhecimento sobre as reais causas da doença, já que segundo o INCA, 48,4% das diagnosticadas são casadas.

Quando diagnosticadas com o estágio avançado do câncer de colo do útero, a falta de informação leva a paciente ao desespero. Na Bahia, 43% delas admitem pensar em morte quando ouvem falar sobre a doença e 88% acredita que ter o tratamento inovador pode dar mais tempo de vida. “Garantir o acesso ao tipo correto de tratamento é oferecer a terapia de forma democrática a todas que precisam”, comenta a especialista.

Ainda segundo a Drª Anna, já existem opções de tratamento que podem oferecer mais qualidade e aumento dos anos de vida da paciente para que ela possa desfrutar de mais tempo com aqueles que ama, sem dores ou mal-estares comuns da doença.

Para isso, a Anvisa aprovou recentemente a indicação de um medicamento biológico já utilizado em outros países e recomendado com alto nível de evidência científica, o bevacizumabe, como a primeira terapia-alvo oferecida para o tratamento do câncer de colo do útero e o único avanço nos últimos 10 anos para tratar a doença em seu estágio mais grave.

Apesar de ainda não estar disponível no Sistema Único de Saúde, este é o primeiro medicamento biológico que trouxe o benefício de taxa de sobrevida global sem redução da qualidade de vida das pacientes com esta doença.

*Tatiane Pellegrino

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