Nomofobia: conheça o medo de ficar sem celular e os riscos causados pelo vício no aparelho

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Por Juliete Neves

Você já ouviu falar em nomofobia ou no-mobile? O nome pouco conhecido refere-se a uma fobia que tem crescido em todo o mundo. Trata-se do medo irracional de ficar sem o celular. Esse medo também é conhecido como síndrome da dependência digital. Pesquisa publicada pela Digital Turbine mostra que 20% dos brasileiros não ficam mais de 30 minutos longe do celular.

Para o psicólogo Raimundo Holanda, professor do curso de psicologia da Faculdade Pitágoras Fortaleza, o avanço tecnológico é um dos fatores que contribuem para a dependência. “Muitas vezes a relação de dependência não está no uso do celular nas suas funções básicas de fazer e receber chamadas, mas sim a ampliação das funcionalidades que estão disponíveis no celular. Em um mundo cada vez mais acelerado, onde estamos sendo sempre estimulados por um excesso de informações e convites de entretenimento nos sentimos ‘obrigados’ a dar uma olhada em tudo que chega via celular”, explica o docente.

O estudo da plataforma de mídia também apontou que 92% dos brasileiros fazem compras pelo celular e que desse percentual 30% passaram a comprar ainda mais pelo aparelho móvel após o início da pandemia. Raimundo Holanda ressalta que apesar da comodidade ofertada pelos aparelhos, é preciso ficar atento aos sinais que indicam vício. “Hoje o que se faz menos é utilizar o celular para o básico; o aparelho tem funções capazes de alterar nossas interações reais. Mas precisamos ficar atentos aos nossos comportamentos e vínculos afetivos para que não sejam afetados pelo uso exagerado de um aparelho tecnológico”, alerta o docente.

Levantamento do Google mostra que 73% dos brasileiros não saem de casa sem os seus dispositivos. O psicólogo ressalta que o uso exagerado do aparelho pode trazer consequências. “Algumas enfermidades podem ser desenvolvidas, acarretadas pelo comportamento excessivo do uso de celulares, a exemplo de ansiedade, ataques de pânico, depressão, isolamento social, prejuízos laborais e sociais”.

O profissional da saúde explica que é preciso analisar as consequências do uso descontrolado e os prejuízos desse comportamento. “De acordo com a magnitude desse comportamento socialmente disfuncional, a ajuda de um psicólogo é indispensável e certamente o processo terapêutico vai ajudar esse sujeito a melhorar esse vício em um contexto de reflexão. Onde se possa compreender quais são os reforçadores desse comportamento, bem como propor ao sujeito outras possibilidades”.

Raimundo Holanda pondera que o problema não é a tecnologia em si, mas a maneira como nos relacionamos com ela, já que o celular é um item quase que essencial para muitas pessoas que usam para trabalhar e estudar. Ele defende que o uso deve ser de forma saudável para que o aparelho seja um auxílio e não uma dependência. “O uso do celular para as atividades da rotina é fundamental, mas devemos considerar que existe toda uma indústria da tecnologia que usa estratégias conscientes e inconscientes para tornar as pessoas cada vez mais conectadas às redes. Precisamos ter controle para evitar que nos tornemos seres compulsivos”, conclui o psicólogo.

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