Por Edvan Cajuhy
Período de quarentena em prevenção a pandemia do Coronavírus que aflige não somente o povo brasileiro, mas, toda a população mundial e, ainda com a crise econômica a nível mundial e a crise politica brasileira em plena pandemia, onde deveria estar o foco dos governos federal, estaduais e/ou municipais, ao invés de outras frivolidades particulares. Temos que nos apegar às nossas crenças, seja ela qual for, e nos debruçar sobre leituras e conhecimento para entender o nosso processo histórico, social e politico, bem como, praticar a leitura como um momento de formação e entretenimento.
Com esta introdução, faço esta pequena e sucinta resenha sobre mais uma obra literária de grande importância para nossa história brasileira e regional (sertaneja), com suas lutas e movimentos sociais sempre em busca de alcançar ou conseguir a garantia dos direitos inerentes a todos os seres humanos e brasileiros, mas, que muitas das vezes, tem sido ao longo da história negligenciado pelos governos. Assim apresento a vocês: CRÔNICAS DA TERRA DO SOL do amigo, ex-presidente da Academia de Letras e Artes de Senhor do Bonfim – ACLASB, cordelista, poeta, cronista e estudiosos da Guerra de Canudos e das questões Sertanejas, José Gonçalves do Nascimento.
CRÔNICAS DA TERRA DO SOL é um livro que já pela capa nos instiga a lê-lo, pois traz uma das vinte e cinco capelas do Caminho da Santa Cruz em Monte Santo, município de origem do escritor. O título já nos remete as crônicas que terá como cenário o Nordeste brasileiro, o sertão e os processos de luta e resistência do nosso povo e, por quê não dizer, do nosso processo identitário que como disse Euclides da Cunha: “O sertanejo acima de tudo é um forte!”
A obra traz um lindo texto poético sobe o “Sertão Grande”, na primeira orelha do livro. Logo em seguida, uma dedicatória aos homens e mulheres – “Heróis Sertanejos”, que contribuíram para o engrandecimento da nossa história de luta. Em seguida, surge uma linda poesia de Alberto Caeiro (Fernando Pessoa), grande escritor português, desembocando num prefácio espetacular da professora e escritora romancista monte-santense Sarah Correria, autora do livro: A Menina que Cavava com a Caneta e também Shaíra e a Saudade.
José Gonçalves do Nascimento divide a citada obra em quatro blocos que ele denomina Opus I, onde nos apresenta várias crônicas falando de acontecimentos, encantos e a cultura sertaneja e nordestina, a exemplo de “A Caatinga e seus Múltiplos Encantos, Saudades das Donzelas Lá da Casa de Farinha”, e outras.
Opus II, são apresentadas crônicas de reflexões e explicações de obras literárias e artísticas sobre e do Nordeste, como: “Morte e Vida Severina, O Pagador de Promessas, Há Gatos Fora do Balaio (este é o prefácio do Livro Balaio de Gato de Edvan Cajuhy), Euclides, O poeta dos Sertões” e etc.
No Opus III, o escritor nos presenteia com textos bem elaborados e de entendimento sobre Canudos, a relação de Canudos e Monte Santo, Antônio Conselheiro e Monte Santo, e desses acontecimentos nordestinos, “distantes” no tempo e no espaço com outros acontecimentos a nível nacional e mais recentes como: ‘o surgimento das Favelas’.
Já no Opus IV, ele abre esse bloco com o belíssimo texto: “A Beleza Salvará o Mundo”, onde ele transcorre sobre a necessidade da arte e como esta é inerente ao ser humano. Textos que homenageiam pessoas como o grande educador Dr. Paulo Batista Machado, ex-prefeito de Senhor do Bonfim, com o texto: “Prefeito na Praça”, ou ainda instituições como, por exemplo, Pastoral da Criança em comemoração aos seus 30 anos de serviço prestado a sociedade brasileira e nordestina, principalmente às crianças, em defesa da vida. E por fim, um apêndice com pequenos textos sobre personagens outros que lutaram pelo bem dos povos da América Latina (pobres, negros, indígenas e nordestinos) e por último, um descortinar sobre a Filosofia da Libertação.
O autor dessa obra teceu suas crônicas todas fundamentadas em vários autores renomados. Ele cita Euclides da Cunha, a Constituição Brasileira de 1988, Eduardo Galeano, Henrique Dussel, Dacy Ribeiro e ainda cita Fiódor Dostoiévsk e tantos outros. É uma obra densa e reflexiva, porém enriquecedora.
Caros leitores e leitoras ao debruçar-se sobre esta obra e passear pelas suas crônicas, com certeza, estará mais “sabido” em conhecimento que contribuirá para sua formação e compreensão da realidade, bem como, viajar pelos lindos recantos nordestinos (sertanejos) de muitas histórias e encantos.
E para terminar essa pequena resenha sobre a obra do grande, José Gonçalves do Nascimento, recomendo-a para que vocês leitores e leitoras aventurem-se pelas ricas páginas desta obra, descobrindo um Brasil, um Nordeste, um Sertão, que ainda vocês talvez não conheçam. E neste tempo de pandemia, termino com a frase de Fiódor Dostoiévsk citado por José Gonçalves do Nascimento: A BELEZA SALVARÁ O MUNDO. Boa leitura! Buena Lectura! Buona Lettura!
Edvan Cajuhy – Professor, escritor, poeta, cronista, contista, artista plástico e vice-presidente da Academia de Ciências, Letras e Artes de Senhor do Bonfim – ACLASB.